quarta-feira, 30 de abril de 2014

Vanessa Joda, diferente do óbvio!


Mulher de fibra, de talento, que faz com que as coisas aconteçam a sua volta. Num breve bate papo, Vanessa Joda, nos contou sobre seus planos e nos mostrou um lado empreendedor tão determinado que se torna quase selvagem. Confira você mesmo tudo que esta batalhadora do underground nos contou!


HM Breakdown: Antes de tudo, obrigado pelo seu tempo e por nos dar o privilégio dessa conversa. Agora, nos fale sobre você e suas atividades.
Vanessa Joda: começando pelo nome né... Vanessa, muito prazer! Ainda bem que foi Vanessa, porque era pra ter sido Waleska, mas meu irmão me salvou na ultima hora. Única filha mulher entre cinco irmãos, caçula por 5 minutos (sim, tenho um irmão gémeo) e pra ajudar única loira de olhos azuis da família toda, e ate hoje. Neta de espanhóis  italianos e portugueses, primeira filha a se formar, primeira a ir morar sozinha, primeira a fazer tatuagem, primeira a se jogar pra fora do pais, a única que curte pancadaria musical. Deu pra ter ideia que eu vim pra ser diferente do óbvio né.
Trabalho com o que não gosto, mas o faço muito bem feito, afinal é o que paga minhas contas e sustenta a minha liberdade e escolha de morar e viver sozinha ha 16 anos. Pra compensar isso, faço o que amo: Yoga, estudo bateria e sou luto pelo sonho da união do underground através do Projeto Subterrâneo.

HMB: E como tem sido a aceitação do Projeto Subterrâneo?
Vanessa: A aceitação esta sendo melhor do que eu esperava, quando lancei o projeto. Muitas bandas me procuram todos os dias pra poder tocar, sinal que esta dando certo. Mas ainda há muito que ser feito e te digo que tem que ter muita paciência pra chegar ao objetivo almejado do projeto. Dependo da união de uma cena, que infelizmente não é tão fácil de unir.

HMB: Mas, com certeza, você tem trabalhado duro para mudar esse cenário, qual é a estratégia que você usa na divulgação?
Vanessa: A divulgação do projeto começou com o famoso e infalível boca a boca e quando nasceu, foi pro também infalível Facebook. Ainda tenho que fazer muita coisa para terminar de estruturar o Projeto e melhorar a divulgação, como por exemplo, ter uma pagina e perfil exclusivo do Projeto.

HMB: Como tem sido o comparecimento e a satisfação do público aos eventos realizados pelo Projeto Subterrâneo?
Vanessa: Bom, muito bom. Posso dizer que mais de 90% dos shows do projeto teve casa cheia e até agora não ouvi nada de ruim quanto à satisfação do publico, muito pelo contrario, tem sido sempre positiva. Claro que, como o Projeto tem como objetivo dar espaço as bandas underground para mostrar e tocar seu som, muitas bandas são novas e desconhecidas, o que torna o comparecimento às vezes menor. Por este motivo, sempre que posso, tento misturar os estilos e bandas, e ai entra em outro objetivo do Projeto que é o conhecimento de novos trabalhos undergorund e também, da ajuda que uma banda mais conhecida pode dar a uma que esta começando. Tai de novo eu tentando fazer a tal união do underground novamente.

HMB: E você tem algum apoio financeiro para isso, ou faz as correrias na cara e na coragem?
Vanessa: Faço na raça, cara, coragem, como quiser chamar. Quando teve show em que as bandas escolheram bilheteria, o correto seria uma parte ir para o Projeto, mas ate agora não peguei nenhuma parte, pois a grana era curta e o objetivo do Projeto é beneficiar as bandas. Além do gasto inicial que tive, sei que vai vir mais com o lançamento do documentário que estamos fazendo sobre o Projeto. Ha muito ainda o que ser feito, mas conto com apoio dos amigos e companheiros de Projeto, que aderiram e apoiam, seja fotografando, filmando, fazendo as artes dos flyers, camiseta, enfim, rola a união de quem acredita no Projeto. Quer apoio melhor que esse?

HMB: Você tentou algum tipo de patrocínio ou apoio financeiro da iniciativa privada para o seu projeto?
Vanessa: Não, ainda não. O Projeto é muito recente, estreou ha apenas 6 meses e ainda não esta todo estruturado para poder ir a este próximo passo.

HMB: Mas você tem planos para esta questão, ou é apenas uma esperança?
Vanessa: Sim, tenho planos de conseguir apoio ate porque isso beneficiaria as bandas. Outro ponto é o documentário que provavelmente sairá no próximo ano este também precisarei de fundos para o lançamento.


HMB: Já pensou em levar o projeto para outras cidades?
Vanessa: Sim, isso faz parte dos planos do projeto. Alias, vamos além, planos de levar a outros países e também de fazer intercambio entre cidades, estados e países. Estamos em negociação para o primeiro Projeto Subterrâneo fora de São Paulo, em Santos e em Goiânia.

HMB: Você vê um certo preconceito contra a mulher no cenário?
Vanessa: Infelizmente, em pleno ano de 2014, ainda vivemos em um mundo machista. Mas o Underground, por ser o Underground, apresenta muito pouco desses traços. Eu nunca passei por nenhum fato ou acontecimento que tivesse tido algum tipo de machismo. Muito pelo contrario. Eu e as mulheres que conheço, sempre fomos muito bem tratadas. Mas sempre tem uma minoria podre e ignorante que pratica do machismo sim.

HMB: Com isso você quer dizer que o pessoal que gosta de rock tem mais “entendimento” da vida em geral?
Vanessa: Eu quero dizer que o pessoal que gosta de rock tem a cabeça mais aberta.

HMB: Fale sobre seus gostos musicais.
Vanessa: Rock (risos)!  Desde Beattles a Eyehategod. Sou muito eclética no mundo do rock.
Quando era pequena, fui influenciada pelo o que meus irmãos ouviam: Black Sabbath, Led Zeppelin, The Clash, Kiss, Pink Floyd, U2. Lembro-me de todos esses vinis. Quando comecei a "andar sozinha", estava no auge do grunge. Meu primeiro vinil foi Mothers Milk do Red Hot, seguido pelo Booldy Sugar Sex Magic. Logo tinha Guns, Soundgarden, Nirvana, Pearl Jam, Stone Temple Pilots, Alice in Chains, Iron Maiden, Metallica, Sepultura, etc e claro, a paixão da minha vida, Mike Patton. Faith No More era meu amor de adolescente e é até hoje. Sou addicted do Mike Patton, amo tudo em que ele se envolve.
Hoje em dia ando escutando muito Doom, Sludge, Stoner, mas nunca abandono os clássicos, punk, hc.

HMB: Uma mosquinha que disse que você está tendo aulas de bateria com a Fernanda Terra, é verdade?
Vanessa: Verdade (risos)! A Fe é demais e é uma honra poder ter aulas com ela e receber o que ela sabe, e ela sabe muito né?



HMB: Verdade! Qual vai ser a empreitada depois que você tiver domínio do instrumento? E o que te levou a tocar bateria?
Vanessa: Montar a banda, que na real, já esta formada. Mas tem ainda o objetivo de ter uma banda com duas bateras, nada tira isso da minha cabeça. Todo mundo me chama de louca, e eu sou mesmo (risos). Lembro-me do show de estreia do projeto, que o Hommelless tocou, e tivemos metade do show com o Pedro na bateria e a outra metade o Spaguetti. Foi animal, mas eu queria mesmo era ter colocado os dois pra tocarem juntos. Eles quase me mataram (risos)!
O que me levou a tocar batera foi um show do Faith No More em Phoenix, 1997 se não me engano. Ja viu esse show? Cara, o Mike Bordin toca muito, ele bate tanto naquela batera, que tem um cara com uma toalha o limpando o tempo todo, é surreal. Como o que eu queria mesmo era ser vocalista, mas, eu não tenho voz pra isso, olhei o Bordin e pensei: vou quebrar baqueta que nem esse cara. Antes de começar com a bateria eu tentei guitarra, e realmente não tenho a maior aptidão pra isso. Já com a bateria me dei bem e acaba sendo uma terapia também. Diz a Fê que eu mando bem, e se ela tá dizendo eu acredito!

HMB: Planos para o futuro?
Vanessa: Além do lançamento do documentário do projeto, ver este projeto ter crescimento em proporções internacionais de modo que possamos fazer intercâmbios não só entre estados, mas entre países, e claro, chegar ao objetivo almejado do projeto em relação a união do underground e espaço mais propagado desta cultura.
Conseguir concretizar o sonho de ter um espaço voltado todo para a cultura underground, abrangendo musica, arte, literatura, tattoo, esportes, enfim, tudo ligado a esta cultura.
Pretendo estar tocando bem e estar fazendo shows com os camaradas por ai.

HMB: Resuma Vanessa Joda em uma frase.
Vanessa: Ah va!

HMB: Obrigado pelo seu tempo e por nos proporcionar este belo bate-papo, deixe aqui uma mensagem para os nossos leitores.
Vanessa: Obrigada ao HMB pela oportunidade, puta prazer ter esse papo! Bora lá galera, fortalecer a cena e fazer a união para o beneficio de todos da cena Underground. Parar com mimimi e rolar a atitude. Pediram tanto por um espaço, tai, Projeto Subterrâneo ao seu dispor!

Um comentário:

  1. O Quê, não citou Ramones nas Influências???
    (brincando!) Parabéns pela entrevista - Entrevistador e Entrevistada, muito bom!

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