sábado, 7 de junho de 2014

Rodrigo Cafundó, uma celebração da cena do Metal!


Rodrigo Cafundó, na ativa desde 1997, atuou em diversas bandas até que formar o Angels Holocaust, com temática diferente da usual em bandas do estilo. Dono de técnica apurada e muita vontade de vencer, Rodrigo busca mostrar sua música e seu talento para todos que puder alcançar e para isso trabalha duro em sua divulgação e não poupa esforços e recursos para sempre ter o melhor para si e para sua banda, confira tudo que ele nos disse no bate papo a seguir.

HM Breakdown: Olá Rodrigo, obrigado pelo seu tempo e por nos dar o privilégio dessa conversa. Agora, nos fale sobre você e suas atividades.
Rodrigo Cafundó: Olá equipe da Heavy Metal Breakdown! Bem, primeiramente é uma honra ser entrevistado por vocês. Sou vocalista do Angels Holocaust, banda de Heavy Metal de Itapetininga/SP, que foi fundada em 2009. De lá pra cá, lançamos alguns singles, o primeiro deles, "Auschwitz - Los Dreams" foi bem aceito pela mídia especializada e pelo público. Com ele, vencemos um festival regional de música e, a partir daí, avaliamos que seria necessário gravar um EP num estúdio de ponta, com a produção de um grande nome. Escolhemos o Norcal Studios e Edu Falaschi.
Desde então, muitos shows pelo underground e grandes datas com bandas que somos fãs. Enfim, muita coisa boa acontecendo! Ótimas novidades nessa fase do Angels Holocaust.

HMB: Como é o cenário Heavy Metal em Itapetininga?
Rodrigo: Itapetininga é um grande celeiro de bandas de METAL! Existem, em todas as vertentes, grandes bandas com trabalhos de muita qualidade. Por aqui, felizmente, temos o "Espaço do Som Rock Bar", e seu proprietário, Luiz Cláudio é um grande incentivador da cena como um todo. Abre espaço para centenas de bandas de toda a Região. Recentemente, tocamos lá, na abertura para o ALMAH, junto das bandas Haaley Alves (Bauru) e Perc3ption (Itapetininga) e foi uma grande festa. Uma celebração da cena do Metal!

HMB: Você foi vocalista do Mystical End que foi um nome relevante no cenário? O que aconteceu com a banda e porque você resolveu formar o Angels Holocaust?
Rodrigo: Sim. Foi um período de aprendizado e, resolvi formar o Angels Holocaust, pois queria trabalhar com o Filipe Barrientos, guitarrista da banda e ter maiores possibilidades e novos desafios. Era meu desejo também, poder realizar algo mais pesado e com outra visão sobre todos os aspectos.

HMB: Qual a temática lírica doAngels Holocaust?
Rodrigo: Nos primeiros trabalhos, abordamos essencialmente, temas relacionados ao Holocausto. Acreditamos que seja um período tão brutal e cruel que, deveríamos expor de maneira extremamente crítica um período negro da história da humanidade. É preciso que as pessoas não se esqueçam das atrocidades que o ser humano é capaz de cometer.


HMB: Você acha que essas “atrocidades que o ser humano é capaz de cometer” se aplicam ao dia a dia das pessoas e não apenas à guerra?
Rodrigo: Certamente! Infelizmente, as atitudes cruéis não são um privilégio da Segunda Guerra Mundial. Está aí, no dia a dia, nos noticiários de TV, nos jornais e na Internet. Diariamente, somos impactados por ações/atitudes que não condizem com o propósito do bem em comum. Há, tristemente, a falta de investimento em Educação e isso impacta negativamente de maneira muito intensa na rotina diária de milhares de pessoas afetadas direta e, indiretamente, pela violência, intolerância.

HMB: Você consegue ver um distanciamento das pessoas desse comportamento violento, somente com a incessante mostra desse tipo de comportamento pela televisão e imprensa em geral?
Rodrigo: É uma abordagem extremamente complexa! Acredito que o comportamento violento está (na maioria das vezes) ligado à Educação (ou a falta dela). O Estado não investe em políticas eficazes para a Educação. O que se vê nas TVs e na imprensa, é reflexo da falta de oportunidade, do sentimento constante de impunidade e, principalmente, na descrença de condições dignas. Infelizmente, a tendência é que o problema se agrave, ano após ano.

HMB: Qual séria a abordagem para buscarmos esse tipo de conscientização contra a violência ou a falta de respeito pelo próximo?
Rodrigo: Posso soar repetitivo, ainda acho que os esforços devem estar voltados para a criação de uma política efetiva de Educação. É preciso que as próximas gerações tenham contato com uma educação de base melhor planejada. Sem Educação, seremos eternamente, um povo que não é Nação.

HMB: Que tipo de pesquisas e estudos você fez para desenvolver a parte lírica?
Rodrigo: Desde pequeno eu sempre me interessei por filmes e documentários sobre guerra e conflitos. Meu pai é um aficionado por filmes do gênero e, eu sempre o acompanhava assistindo a muitos filmes. Depois, com o tempo, fui buscando publicações do gênero, assisti a inúmeros documentários Poloneses, Alemães e me aprofundei nos relatos de sobreviventes do holocausto. Não poderia ficar alheio ao material e tentei escrever letras que contassem um pouco sobre esse período negro da história. 

HMB: Como está sendo a sua participação na campanha “Escrevendo Outra Canção – Campanha Nacional para Doação de Órgãos”?
Rodrigo: Nós fomos contatados por amigos e familiares do Paulo Schroeber que, infelizmente, não sobreviveu a uma batalha intensa contra uma grave doença degenerativa no coração e, instantaneamente aceitamos o convite! Para nós, foi uma honra ter sido a primeira banda a gravar uma mensagem apoiando a campanha. A causa é mais que nobre, é imprescindível! Muitas pessoas são doadoras, mas não avisam seus familiares. É preciso realizar um grande trabalho de orientação, informação e conscientização. É um problema sério e muitas pessoas perdem suas vidas pelo baixo número de doadores de órgãos e tecidos no Brasil. Sempre que os idealizadores da campanha "Escrevendo Outra Canção" nos requisitarem, será um prazer imenso pra banda participar, sempre.


HMB: Eu acredito que a filantropia seja uma ótima forma de unir pessoas, o que você acha da realização de um pequeno festival visando unir os músicos do cenário e angariar fundos para este tipo de causa?
Rodrigo: Toda e qualquer iniciativa que vise trazer positividade para o ser humano é válida. Necessária. A ideia do festival é muito interessante! E nós adoraríamos participar de eventos filantrópicos que auxiliem movimentos legítimos e comunidades carentes.

HMB: Como foi o convite e a participação do Angel´s Holocaust nos shows com Almah e Haaley Alves?
Rodrigo: O Angels Holocaust participou, na verdade, de uma grande festa! A organização, planejamento e execução deste grande evento foi realizada pela Perc3ption, banda dos meus amigos de longa data, Glauco Barros e Rick Leite. Devo dizer que foi uma grande honra para o Angels Holocaust. Adoramos o som o Almah e, o fato de termos tido a oportunidade de gravar nosso EP "Crystal Night" com a produção do Edu Falaschi, sempre motivou essa vontade de dividir o palco com o Almah. Haaley Alves é mais um batalhador da cena, possui uma grande banda e é, também, um dos grandes parceiros da banda. Os resultados do evento foram muito bons e, felizmente, faremos mais uma data com o Almah em Agosto deste ano. Estamos muito felizes com a nova oportunidade.

HMB: E como foi gravar Crystal Night e contar com a produção de Edu Falaschi? Como se deu o contato para que isso acontece?
Rodrigo: Comecei e cantar em 1997. Foram anos e anos sonhando em ter um material de qualidade. Sou um músico do underground, sempre percorri o circuito underground do Estado de São Paulo e tinha um sonho: Gravar num estúdio de ponta com um produtor renomado.
Em 2009 fizemos alguns shows em São Paulo e, num show que fizemos no Blackmore, surgiram alguns contatos que nos levaram ao encontro do Edu Falaschi. Desde o início, Edu foi muito receptivo, atencioso e muito inspirador. Com tudo o que já conquistou na carreira, é muito legal observar a postura do Edu. É um cara extremamente humilde e muito, muito talentoso.
Num determinado momento, foi surreal. Estava ali no Norcal Studios, com toda aquela estrutura incrível, sendo produzido por um dos maiores vocalistas da história do país! Edu nos auxiliou muito no crescimento da banda. Aprendi muito com ele e, sou extremamente grato por tudo o que ele fez pela banda. Foi incrível!

HMB: Você tem algum cuidado especial com a sua voz?
Rodrigo: Sim! Minha voz é meu instrumento de trabalho. Sou Professor Universitário e profissional da área de comunicação de uma grande instituição de ensino e, utilizo, diariamente, minha voz como instrumento e, procuro preserva-la. Para os shows e ensaios, aqueço minha voz com vários exercícios de relaxamento e respiração. Estudei canto por alguns anos e, depois disso, continuei utilizando e aprimorando as minhas técnicas vocais. Porém, não abro mão de uma cerveja gelada e afins. Não sou neurótico (já fui) com os cuidados com a voz. Busco aquecer da melhor maneira possível e, tento preservar na medida do possível com a minha rotina intensa de trabalho. Até aqui, têm dado certo.


HMB: E que tipo de "dica" você daria a uma pessoa que está começando a cantar agora?
Rodrigo: Estude! Busque informações, ouça especialistas e procure orientações. Mas por favor, não perca jamais a sua identidade, sua essência. Continue iniciando a jornada cantando junto com seus grandes ídolos. Vá aos shows e traga referências eternas dos teus vocalistas prediletos e, cante com emoção, sempre. Para dez ou dez mil pessoas, doe-se ao máximo.

HMB: Por falar em shows, como você vê a recorrente reclamação dos músicos em relação ao público? Alguns chegando a dizer que em breve os shows de bandas autoriais vão acabar?
Rodrigo: Realmente, hoje há uma enorme dificuldade em realizar grandes shows como banda autoral. Os promotores, produtores, casas de shows e bares, dão preferência para as bandas tributos. Infelizmente, a maior parte do público prefere mesmo prestigiar bandas covers em detrimento de quem realiza um trabalho autoral. Essa é só mais uma dificuldade de se ter uma banda no Brasil. Não quero acreditar que os shows das bandas autorais irão acabar. Ainda há um bom público que se interessa pelas bandas autorais e apoiam aquelas bandas que lançam materiais e ralam muito para gravar sua demo, seu EP e, que realizam o grande sonho do debut álbum.
Mas é uma preocupação, sabe? Alguns festivais regionais que promoviam bandas autorais, hoje preferem promover shows de bandas covers. Há, de fato, um movimento nesse sentido mas, acredito na força das bandas autorais do Brasil.

HMB: E qual é a solução, na sua visão? Quem sabe as bandas se juntarem e darem vida aos seus próprios eventos?
Rodrigo: A solução? Sinceramente, não sei! Acredito que a mobilização das bandas é mesmo o melhor caminho. Já existem algumas correntes que realizam festivais 100% autorais e, a tendência é que surjam mais festivais nestes moldes. Eu, particularmente, acredito na mescla de estilos e, de bandas autorais e tributos. Creio que os promotores poderiam abrir espaço igualitário para as bandas. Vai realizar um grande evento com uma famosa banda tributo? Ok, então poderiam dar espaço para uma boa banda autoral tocar no mesmo evento. Acredito que há espaço pra todo mundo. Basta que os promotores de shows tenham uma visão mais justa e, cedam espaço para as bandas autorais dentro de grandes eventos. Mas eu, sinceramente, gosto mais do trabalho das bandas autorais e, independente de ser um músico autoral, acredito que as mesmas deveriam ser mais valorizadas. É uma luta diária para poder apresentar um material de qualidade. Suor, suor e muito suor.

HMB: Até porque sem bandas autorais não existiriam bandas tributo. Como seria sua reação ao ser convidado para um evento onde tocariam 80% de bandas tributo e somente 20% de bandas autorais?
Rodrigo: Exato! Sem banda autoral, jamais existiram as bandas tributo, fato. Bem, a reação seria a de sempre, iríamos participar sem maiores problemas. Afinal, é uma constante no cenário atual e, nos adequamos para atender às propostas de shows. Porém, é inegável que um festival repleto de bandas autorais faça mais sentido. O que desejo, é que todos tenham espaço, entende? Nós continuaremos na batalha, fazendo a nossa parte e contribuindo com obras autorais.


HMB: Planos para o futuro?
Rodrigo: Ah, são muitos! Neste momento, estamos prontos para gravar nosso primeiro vídeo oficial para Crystal Night. Iniciamos as gravações no próximo dia 25/05 e, na sequência, iniciaremos as gravações do segundo vídeo da banda. Desta vez, para a SS The Truth Behind. Estou muito feliz em poder gravar dois vídeos de uma só vez. Esperamos lançar os vídeos até Outubro de 2014. Estamos negociando grandes shows para o Angels Holocaust, teremos mais uma data com o Almah, e finalmente estamos trabalhando nas composições do novo trabalho da banda. Enfim, muitos compromissos e muita atividade positiva na banda.

HMB: Resuma Rodrigo Cafundó em uma frase ou palavra.
Rodrigo: Difícil, hein? Diria que: Determinação e Positividade.
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HMB: Obrigado pelo seu tempo e por nos proporcionar este belo bate-papo, deixe aqui uma mensagem para os nossos leitores.
Rodrigo: Eu que agradeço pela oportunidade, meu amigo. Fico extremamente satisfeito em participar de uma entrevista tão legal, com abordagens bem intensas sobre vários aspectos, foi uma honra participar! Ah, estava me esquecendo. A banda planeja também, o lançamento do nosso site oficial e de um single do novo trabalho ainda para 2014. Obrigado pelo espaço, valeu!

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