terça-feira, 3 de junho de 2014

Trek de Magalhães, ... foram muitas noite de sono perdidas para achar o timbre dos patrões lá de fora


Trek de Magalhães, nascido no sagrado solo de Minas Gerais, é considerado um dos mais atuantes técnicos de som, em São Paulo, de pequenos eventos até seguir em turnê com grandes nomes do cenário Heavy Metal brasileiro! Confira o que ele nos disse nesse bate papo informal.

HM Breakdown: Antes de tudo, obrigado pelo seu tempo e por nos dar o privilégio dessa conversa. Agora, fale sobre você e suas atividades.
Trek de Magalhães: Opa, muito obrigado pelo convite! Vamos lá, no momento estou fazendo praticamente o que sempre fiz (risos), gravando em estúdio, fazendo som ao vivo como técnico de guitarra, de som e também atuando na direção de palco. Sou responsável pelo som em um bar de blues e jazz na Vila Madalena, em São Paulo. Isso basicamente é minha ocupação profissional.

HMB: Como você se envolveu com a parte técnica?
Trek: Na verdade desde moleque eu já fazia coletânea em fitas K7, também tinha sonho de ser músico e sair tocando por ai. Mas nem tudo sai como planejamos (risos). Eu estava duro e sem trabalhar e comecei a trabalhar como roadie em uma empresa de som e com diversas bandas, tive um grande apoio dos caras do Krisiun, que me ajudaram muito e ainda me ajudam.  Dai aprendi o esquema de gravação e de como tirar um som ao vivo, mas continuo aprendendo. O Datribo Studio foi onde tive o meu aprendizado, no peito e na raça, com o Ciero, foram muitas noite de sono perdidas para achar o timbre dos patrões lá de fora.

HMB: E isso não ajudou a desenvolver o seu lado músico?
Trek: Sim, e por incrível que pareça me desenvolvi melhor musicalmente, pois hoje procuro e tenho facilidade em descobrir timbres em instrumentos musicais, isso abriu um leque gigantesco de conhecimento, como escalas, e as características de cada estado, isso falando somente de Brasil. Hoje, vejo a música regional com outros olhos, como por exemplo, em Minas a viola caipira, a música galderia do Rio Grande do Sul e a música nordestina. Então foi maravilho trabalhar com música e ver toda essa riqueza de outra perspectiva, isso com certeza fez com que eu crescesse como músico e como técnico de som. Isso te faz ser mais músico, apesar de eu não subir ao palco. Sou dos bastidores (risos).


HMB: Mas em nenhum momento você sente falta de estar nos palcos, tocando?
Trek: Eu não diria falta, porque nunca estive lá, efetivamente tocando, mas o contato com músicos na estrada ou mesmo numa gravação me faz viver um envolvimento indireto. Eu vivo isso praticamente todos os dias e ao longo de muitos anos. E o fato de eu gostar muito, conta também.

HMB: Como você vê o cenário Heavy Metal hoje em dia?
Trek: Acho injusto falar só do Heavy Metal como estilo, porque são muitas as influencias. E com os tantos rótulos que temos hoje em dia, é natural um estilo ou outro estar em alta enquanto outros estão em baixa. Todos tem seu valor e eu respeito e curto muito o Heavy Metal de uma forma geral. Não gosto de classificar os estilos. Pra min tudo é Heavy Metal e ponto final.

HMB: E como você vê a presença do público nos shows, já que você atua nos bastidores?
Trek: Importantíssimo, pois sem publico não há shows, bandas, cena, entretenimento! Mas existe uma série de fatores que fazem com que um evento possa ser sucesso. Desde a infraestrutura até a direção artística. Ou seja, do pedreiro ao artista, Tudo é importante.

HMB: E qual tem sido a estrutura que geralmente você tem encontrado nas casas de shows?
Trek: Como falei antes, a estrutura depende da organização. E infelizmente aqui no Brasil as coisas ficam a desejar.  Só os grandes festivais trabalham com uma estrutura profissional, enquanto no Underground, muitas vezes, se quer tem backline. Ainda estamos engatinhando nessa questão.

HMB: Você acredita que incentivos culturais tanto governamentais, como da inciativa privada seria o pulo do gato para este melhoramento na cena Underground?
Trek: Sim, acredito! Aliás, o Underground não faz uso esses meios por pura falta de conhecimento e das burocracias. Mas acho que o caminho é esse, ninguém faz nada sozinho. Um ótimo exemplo é o Abril Pro Rock de Recife, começou no Underground e hoje é global, portanto temos que correr atrás e usar todos os recursos disponíveis, no peito e na raça só no Datribo e na seleção campeã de 1970 (risos).


HMB: Uma reclamação recorrente dos músicos é em relação a grande quantidade de bandas tributo fazendo shows em detrimento ao som autoral, qual a sua visão do assunto?
Trek: Pra ser honesto, não tenho visão nenhuma sobre bandas cover. Não gosto de banda cover e principalmente quando cobram cachê e claro recebem uma boa estrutura. Também não gosto de falar mal, cada um com sua consciência. Se viver na aba é o que os caras querem, tudo bem. Todo mundo sabe o valor que tem. Fazer um cover em homenagem há alguma banda de que seja fã é outro sentimento.

HMB: Entendo seu ponto de vista. Que tipo de conselho você daria pra quem gostaria de atuar na mesma área que você? E você acha que no cenário da música pesada nacional existem bons técnicos de som?
Trek: Nossa! Difícil! Primeiro desprender da família, sem abandonar é claro. Tem que gostar de viajar, ter disponibilidade, estudar música, luthieria e áudio, ter bom gosto, conhecer equipamento, muitas vezes trocar o dia pela noite, e muitas outras privações, digamos normais da profissão. Não tendo muitos problemas com isso, dá para começar bem. (risos)

HMB: O Que seria um bom dia, ou noite de trabalho para você?
Trek: Quando tudo funciona perfeitamente. Porque obviamente você atingiu o resultado.


HMB: Planos para o futuro?
Trek: Quero continuar até onde meus ouvidos permitirem ouvir com clareza.

HMB: Resuma Trek de Magalhães em uma palavra ou frase.
Trek: Humilde e simples, pra ter uma vida saudável, tanto física, quanto mentalmente. Acho que mais ou menos, me defino assim.

HMB: Obrigado pelo seu tempo e por nos proporcionar este belo bate-papo, deixe aqui uma mensagem para os nossos leitores.
Trek: Eu que agradeço a oportunidade de falar as pessoas, sucesso ao Heavy Metal Breakdown, espero que vocês gostem da entrevista, e que ela possa mostrar um pouco mais de mim e do meu trabalho e esclarecer alguma dúvida. Saúde a todos!

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