segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Daniel Monfil, ...não tenho medo das consequências...

 

Daniel Monfil, vocalista da banda Hate For Revenge, um cara que aprendi a admirar pela simplicidade, sinceridade e também, pela simpatia. Além disso, nesse bate papo, nos mostra que é um cara dedicado, focado no seu trabalho e nos seus objetivos. Confiram a seguir.

HM Breakdown: Antes de começarmos, obrigado pelo seu tempo e por nos dar o privilégio dessa conversa. Agora, fale-nos sobre você e suas atividades.
Daniel Monfil: Boa Noite a todos, meu nome é Daniel Monfil, vocalista do Hate for Revenge. Tenho 35 anos e comecei a cantar em 1995. Tive muita Influência do Metal Tradicional. Desde meus onze anos, curto Heavy Metal e comecei ouvindo tudo Relacionado Ao Metal (Iron, Judas, Pantera, Etc.).
Um dia, cantando de brincadeira (lembro até hoje da música: A Promisse of Love, do  Wizards do Christian Passos), achei que eu tinha uma voz legal e fui atrás deste sonho de adolescente. Após passar por bandas menores tocando covers, corri atrás para fazer minhas músicas. Entrei No Hate for Revenge em 2004 e, depois de um tempo, nos trabalhos da banda. Voltamos com tudo em 2013. Hoje, o Hate for Revenge é como um filho pra mim e estou muito animado com nosso atual momento.

HMB: O Hate For Revenge foi formado em 1999, mas você se juntou à banda somente em 2004, e logo gravaram o EP “Conquerors of a New Age”, qual foi sua contribuição para a criação desse material?
Daniel: Tive algumas ideias para várias músicas e também completei algumas letras inacabadas. Lembro que a banda vinha de um momento complicado com o antigo vocalista e entrei já num processo de criação do EP bem avançado. Tudo era muito novo para mim, mas percebi que a banda era muito boa e com músicos realmente talentosos.
Minha principal lembrança do EP "Conquerors of a New Age" foi a grande responsabilidade de fazer um belo trabalho. Foram seis meses de muito ensaio.

HMB: A banda gravou um CD que nunca lançado por conta do encerramento de suas atividades, e este não contava com você nos vocais, o que você pode nos falar deste trabalho?
Daniel: Verdade, este trabalho foi todo gravado e seria nosso debut. Mas  infelizmente tivemos muitos problemas de relacionamento. Eu participei de todo processo de criação do CD, mas infelizmente saí um mês antes do início das gravações. Hoje, ouvindo o CD, posso afirmar que estas dez faixas teriam uma boa repercussão da mídia especializada, mas não temos intenção de lançar um CD feito em 2007. Apenas posso adiantar que futuramente algumas faixas podem aparecer como faixas bônus.


HMB: E vocês voltaram em 2012, qual foi a motivação para retornar com o Hate For Revenge?
Daniel: Nossa motivação foi que havia algo a ser feito ainda pelo Hate. E foi tudo muito natural, nada foi forçado. Eu fiquei parado por quatro anos sem cantar, estava decidido que se não voltasse ao Hate for Revenge não cantaria mais. Tive várias ofertas pra voltar, coloquei meu projeto solo em prática, cheguei a gravar duas músicas deste projeto ,mas nada foi lançado (quem sabe um dia). Mas queria o Hate, estava focado nisso. E quando finalmente voltamos a rever alguns conceitos e também reativar nossa amizade, digamos o próximo passo seria a volta do Hate For Revenge. Foi Muito Gratificante esta volta, mas também tivemos dificuldades para achar um time exato, demorou quase dois anos pra acertar os integrantes.
Agora estamos muito focados e unidos para atingir nosso objetivo de ainda em 2014 gravar nosso debut finalmente. Digamos assim, nós  sentimos que deixamos a banda no meio de algo. Faltava algo, acabar como aconteceu, foi muito triste. Acho que esta talvez seja a nossa maior motivação. Fazer um grande trabalho com o Hate for Revenge.

HMB: E como se dá o processo de criação da banda?
Daniel: Bem, mesmo não sendo uma banda grande (empresa), tentamos ajeitar as coisas como uma. Cada integrante ficou a cargo de algumas tarefas, eu mesmo fiquei com a parte de assessoria e comunicação. Dividimos tudo: shows, ensaios, produção e tudo que uma banda precisa. Neste caso, a criação da banda ficou a cargo do nosso guitarrista, Ricardo Oliveira e do baixista Belmilson  (Bilão). Eles criam as músicas e deixam bem adiantadas nossas composições. Fiz algumas letras e o Belmilson também fez algumas, e quanto às melodias, estou fazendo em casa, apresento depois uma ideia concreta à banda sobre melodias e letras. Mas, basicamente foi feito deste modo, algumas coisas em casa e outras em estúdio. Diferente da outra fase, onde as músicas já vinham mastigadas (melodias, letras, solos, etc.), hoje estamos bem mais organizados e com o processo de criação bem adiantado.
E pode até ser um comentário simples, mas estamos adorando este novo jeito de criação. Definitivamente acertamos em cheio desta vez.


HMB: As novas composições seguem a linha tradicional do Hate For Revenge ou vocês buscam agregar novas influências?
Daniel: Acho que estas novas composições vão surpreender a todos, posso adiantar que todas as influências foram colocadas nas músicas novas. E também sei que será um novo Hate. Nossas músicas antigas são boas, mas ficaram datadas e tinham outra vibe, eram de outra época, agora estas novas estão muito mais pesadas. Onde poderei cantar tanto melódico como gutural, tivemos grandes ideias, tem uma faixa que já está chamando nossa atenção e botamos muito fé neste som, que se chama Lonely. E estamos pensando em mudar algumas afinações, mas nada definido ainda.
Posso afirmar com certeza será um grande passo para o Hate for Revenge. O ano de 2015 promete muito para a banda e estamos animados com todas as possibilidades, principalmente com alguns shows já visualizados.

HMB: Você é um cara muito versátil, como você cuida da sua voz?
Daniel: Praticamente quase não cuido da voz. Lógico, procuro evitar bebidas alcoólicas e também gelado. Antes dos shows, faço um aquecimento vocal. Este ano sofri um pouco com uma gripe fortíssima que peguei. Sofri bastante para fazer alguns shows. Mas consegui fazer bem os vocais. Sim, claro que não foi 100%, mas no fim deu tudo certo.

HMB: E como andam os shows para o Hate for Revenge?
Daniel: Excelente pergunta. Bem, apesar do Hate  estar parado desde 2008, afinal o último show foi em 2008, tivemos uma grande recepção do público, lógico que tivemos shows muito bons e outros talvez menos divulgados. Agora esta pergunta foi muito boa, pois ando muito preocupado com a cena Underground. Infelizmente está infestada de bandas covers e o público está dando muito mais bola para este tipo de banda do que para bandas autorais.
Sei que cada um tem seu jeito de tocar e tem seus limites. E lógico que dependendo da habilidade de cada um, o músico de hoje procura o melhor meio de se expressar. Mas hoje basta tocar meia dúzia de músicas covers e alguns já se acham os rock stars.
Sempre tive vontade de fazer minhas músicas. Também toquei covers, foi um aprendizado, mas todos precisam evoluir e acho inaceitável tocar a vida inteira músicas dos outros.
Está é minha opinião em relação o cenário Underground.
Acho muito melhor você divulgar suas músicas e partir para um esquema muito mais difícil. E quanto ao público, realmente esta mentalidade precisa mudar. Afinal só curtir bandas famosas ou covers está matando as bandas que não são famosas ou querem fazer um trabalho profissional.
Bem, sem contar com as condições que alguns produtores atualmente estão pedindo ou exigindo.
Acho um absurdo a banda ter que vender ingressos ou tocar em dias fora de questão. Estas são algumas das brincadeiras dos produtores para bandas autorais. Músicos sendo obrigados a vender ingressos, pois esta obrigação nunca foi nossa. Realmente, hoje muita coisa mudou e espero que o público e os produtores acordem.
Tocar Metal no Brasil  já é muito difícil e agora está muito mais difícil, e digo, qualquer vertente voltada ao rock. Precisamos mudar logo esta cena Underground ou em dez anos, e talvez até menos, não haverá mais cena. Fica a dica.


HMB: Você não acha que o desinteresse do público com as bandas autorais esteja diretamente ligado a oferta excessiva, muitas vezes, deixando a desejar em qualidade?
Daniel: Sinceramente não, até porque com o advento da Internet todo mundo pode pesquisar tanto as bandas como o lugar em si. Mas também penso que se houver um festival onde tenham apenas três ou quatro bandas, onde somente uma você conhece ou curte, não custa nada você prestigiar o trabalho das bandas. O que realmente está deixando alguns fãs desapontados são bandas se achando grandes e tratando mal os fãs. Toquei um tempo atrás no interior e um vocalista de uma banda pequena (igual a minha), simplesmente esnobou todos os músicos do festival e fãs também. Isto queima o filme da cena e da banda em si, eu sempre trato todos bem, com educação e, se possível, procuro arrumar CDs da banda ou simplesmente trocar uma ideia com os fãs.
Quanto à oferta excessiva, acho bom, pois temos varias vertentes e muitas bandas, isto faz a tal oferta excessiva. Agora a qualidade é culpa 50% da banda e 50% da casa. No mínimo, a casa deve dar uma estrutura legal e a banda estar bem ensaiada. Feitos estes detalhes, a chance do show ser de baixa qualidade é mínima.

HMB: Então, deveria haver um profissionalismo da cena?
Daniel: Certamente que sim, desde as casas, produtores e até os músicos.
Digo um profissionalismo total. Vou citar o Hate como exemplo, nós dificilmente ganhamos um cachê legal (no máximo pagamos nossas despesas), mas mesmo assim levamos nossa banda como profissionais.
Eu sempre procuro fazer o melhor ou bem feito, isto pra mim é ser profissional.
Porém algumas casas não tem estrutura! Temos que acabar com este bagunça. A cena tem bandas excelentes, muitas de qualidade. Temos produtores sérios, casas muito boas, que tratam as bandas com dignidade e seriedade.
Realmente precisamos colocar este profissionalismo em primeiro lugar para colher futuramente coisas boas. Fato!

HMB: Uma casa de São Paulo, chamada Inferno, e que fica em plena Rua Augusta, está abrindo espaço para o Heavy Metal. Além da ótima localização, possui  equipamento de qualidade. Você acha que prestigiando os eventos que acontecem lá, o público e as bandas podem passar a exigir melhor qualidade e com isso mudar essa realidade? Ou cada caso é um caso?
Daniel: Sinceramente sim, esta casa que você citou é muito boa, tem uma qualidade sensacional. Hoje tenho convicção que todo mundo quer tocar lá. São muito profissionais, dando total apoio às bandas e também ao público. Tenho certeza que, como foi dito, esta é uma das casas que podem mudar esta realidade. Acho que este exemplo do Inferno Club é um caminho, para que público e bandas cheguem a este patamar profissional.  Vou citar o Hell Metal Fest no Inferno Club, grandes bandas, lugar excelente, equipamentos muito bons, lotado de público, etc.
Este é o segredo, juntar tudo de bom. Duvido que tenha uma crítica ruim sobre este evento.
Mas também existem várias casas quem não fazem questão de mudar.
Existem outras muito boas, mas infelizmente só tocam bandas covers, dificilmente abrem espaço para bandas autorais. Mas definitivamente cada caso é um caso.


HMB: Planos para o futuro?
Daniel: Bem,  espero conseguir consolidar uma carreira musical bacana, gravar um CD ainda este ano (na minha humilde opinião está ficando muito Legal), estabilizar nossa formação e fazer grandes shows.
No âmbito pessoal, espero também atingir meus objetivos logo e continuar mantendo minha linha de conduta.
O Hate conseguir alcançar o nosso tão sonhado patamar, um desejo desde que iniciamos esta banda e que infelizmente foi interrompido durante algum tempo, mas com muita luta e persistência, vamos buscar nosso espaço novamente.

HMB: Resuma Daniel Monfil em uma frase ou palavra.
Daniel: Um cara sério, honesto e que não faz média com ninguém.
Frase: Falo sempre na cara e não tenho medo das consequências, sejam boas ou ruins.

HMB: Obrigado pelo seu tempo e por nos proporcionar este belo bate-papo, deixe aqui uma mensagem para os nossos leitores.
Daniel: Agradeço o espaço que você me deu, para em poucas palavras explicar alguns pontos bastante interessantes da nossa cena. Agradeço também quem sempre acompanhou minha carreira no Metal Brasileiro e tenho ainda muito chão pra percorrer.
Aos nossos fãs, aguardem o debut do Hate for Revenge (prometo que vocês vão gostar muito).

E vamos agitar esta cena Underground. Muito Obrigado e um grande abraço. Até a próxima, galera.

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