sábado, 30 de agosto de 2014

Renato Pestana, ... me mostraram que música é, acima de tudo, sentimento.


Um dos prazeres desta vida está em descobrir as coisas! Sinto-me privilegiado em poder conversar com tantas pessoas e descobrir um pouquinho mais de cada um deles. Mas quando me deparo com pessoas muito mais jovens do que eu, e que possuem conteúdo, mostram que sabem exatamente o que querem da vida e lutam bravamente por isso, muitas vezes chego perto das lágrimas. Com Renato Pestana foi assim, já o conhecia de vista, mas ter esse bate papo repleto de sintonia e caráter, me deixou feliz, e com certeza renovou minhas esperanças na juventude deste país. Confiram!

HM Breakdown: Antes de começarmos, obrigado pelo seu tempo e por nos dar o privilégio dessa conversa. Agora, fale-nos sobre você e suas atividades.
Renato Pestana: Opa! Primeiramente gostaria de agradecer pela oportunidade, estou bem feliz de poder conversar com vocês. Obrigado!
Bom, sou o baterista da banda Fatal, que mesmo existindo desde meados de 2011 (com outros integrantes e até outro nome), tem aparecido um pouco mais no cenário paulistano de Thrash Metal no ultimo ano.
Tenho estado bastante ocupado com os diversos shows e as gravações do nosso primeiro EP que acabaram recentemente. Com o pouco tempo que me sobra, me mantenho ativo estudando o instrumento, fazendo trabalhos freelance, gravando para alguns amigos e até mesmo dando aulas.
A parte de tudo isso, tenho um projeto de rock progressivo que logo entrará em estúdio e lançará material próprio também.

HMB: Como você se tornou baterista?
Renato: Meu primeiro contato com a bateria foi aos 8 anos, eu acho. Meu irmão estudava violão e um dia fui visitar a escola onde ele tinha as aulas. Eu vi uma bateria pequena e posso dizer com certeza que foi amor a primeira vista. Lembro que passei a tarde toda batendo nos tambores sem ter a mínima noção do que estava fazendo (risos).
Mais tarde, lá pelos meus 10 anos de idade, minha mãe me viu fazendo air drums e me prometeu que um dia me daria uma bateria. Ela cumpriu a promessa e aos 12 anos ganhei meu primeiro kit.
Comecei a estudar sem saber muito bem o que queria com o instrumento. Acho que passei praticamente um ano sem ter muita ideia do que queria.
Isso mudou completamente a partir do momento em que conheci o Ian Paice e o Deep Purple. Foi ali, que decidi que me tornaria um verdadeiro baterista.


HMB: E como foi o seu primeiro contato com um professor? Você acha que aulas de música deveriam figurar na grade escolar de todo o país?
Renato: Com certeza! Música é cultura e, apesar de o Brasil ter uma cultura muito rica, ela não é bem disseminada.
Creio que se lecionassem música nas escolas públicas como parte da grade curricular, já haveria um grande avanço na disseminação cultural e abriria mais espaço para música boa na mídia em geral. Nunca tive professores de nome e nunca estudei em escolas de música famosas, mas devo muito aos professores que tive, pois me ensinaram a gostar de tudo o que é bom e bem feito. E me mostraram que música é, acima de tudo, sentimento.

HMB: Fico muito feliz em ouvir isso! Como é a sua relação com outros tipos de músicas que não o Heavy Metal ou o Rock em geral?
Renato: Não me prendo muito a estilos musicais. Sempre ouvi de tudo, gosto de música em geral, desde que soe boa aos meus ouvidos.
Cresci ouvindo MPB, Bossa Nova e Samba e acho que isso contribuiu muito para o meu gosto musical hoje em dia.
Gosto muito das músicas dos anos 60 e 70, pois foi uma época em que havia muito experimentalismo, não haviam muitos limites na música e as pessoas tinham liberdade pra criar, mudar e mesclar estilos a bel prazer.
E, por incrível que pareça, não sou um grande fã do Heavy Metal e nem das suas vertentes mais pesadas. É um dos estilos que menos ouço, na verdade. Não é algo que me influencia tanto.

HMB: E isso de alguma forma influência na sua maneira de tocar, melhor, você agrega diversos outros estilos na hora da criação das suas linhas de bateria?
Renato: Sim, com certeza! Apesar de o Thrash Metal ter linhas de bateria um tanto limitadas, tento sempre colocar um pouco do swing e do feeling que trago do Jazz e do Funk.
Muitos bateristas de Metal atuais se esquecem de onde vieram. A história da bateria esta intimamente ligada à história do Jazz e foi a partir dali que a maioria dos estilos evoluiu.
Bateristas como John Bonham, Cozy Powell, Mitch Mitchel e Ian Paice beberam da mesma fonte e essa fonte é o Jazz. E, se todos eles são admirados hoje em dia, então por que não bebemos o mesmo que eles para, quem sabe, sermos admirados num futuro distante?


HMB: E como é a receptividade das suas ideias na banda Fatal?
Renato: Minhas ideias são sempre muito bem aceitas assim como as dos outros integrantes, tanto na hora de compor quanto na hora de decidir alguma coisa relacionada ao futuro da banda.
Somos bem unidos e pensamos de forma bem parecida, isso contribui muito para as composições também. Sempre que discordamos em algum ponto, tentamos melhorar aquilo de forma que todos fiquem satisfeitos.

HMB: A banda é bem jovem, isso cria algum tipo de problema para vocês na hora de agendar shows? E como tem sido a aceitação do público aos shows de vocês?
Renato: Até hoje não tivemos muitos problemas com agendamento de shows e, por sermos novos, temos até uma aceitação um pouco maior do publico.
A galera sempre acha legal gente da nossa idade fazendo um som direto e com tanta influencia do Thrash dos anos 80. Mas para nós é normal, temos varias bandas parceiras que fazem o mesmo tipo de som e não estranhamos nada disso.

HMB: O que você pode nos adiantar sobre o EP da Fatal?
Renato: Se eu te contar, vou ter que te matar. (Risos)
Mas posso adiantar que vem coisa boa por aí! Como a maioria sabe, gravamos no DaTribo e a rapaziada lá é bem qualificada e gente fina. Foi um trabalho bem bacana, ficamos bem a vontade com eles e estamos bem confiantes.
O EP será intitulado Fatal Attack e com certeza fará jus ao nome. Os sons são rápidos e pesados, com riffs marcantes e vocais potentes e diretos. Há inclusive uma faixa com partes mais cadenciadas e pesadas que, acho que vai agradar bastante o publico.
Tenho certeza que a galera não vai se decepcionar!

HMB: Certo! Quais são as temáticas líricas da Fatal e quais são as expectativas da banda com esse futuro lançamento?
Renato: Bom, temos temáticas variadas. Nos inspiramos na literatura religiosa, em filmes, em livros e na realidade humana.
É um pouco difícil de explicar, mas temos a ideia de seguir um conceito baseado nos sete pecados capitais e através desse conceito ir trabalhando nossas músicas de acordo com esse tema.
Quanto às expectativas, estamos bastante esperançosos. Depois do lançamento pretendemos fazer um videoclipe com uma das músicas que estará no EP e depois é provável que façamos uma pequena tour para promover o mesmo.


HMB: Como você vê o cenário da música pesada brasileira?
Renato: É uma cena forte, que tem uma infinidade de ótimas bandas, mas com pouquíssimo apoio por parte da mídia e do publico.
Poucas pessoas compram o material das bandas, poucas pessoas divulgam e poucas vão aos shows. Infelizmente essa é a realidade da cena nacional nos últimos anos.
Na cena paulistana, é dado mais valor às bandas covers do que às bandas autorais e isso é muito triste e faz com que algumas pessoas acabem desistindo de seus trabalhos autorais por não receberem o prestigio merecido. Diversos bares e casas de show simplesmente fecham as portas para bandas autorais, isso quando não cobram uma fortuna para ter a banda tocando no local.
Há também, um certo preconceito entre bandas, algumas são muito mal vistas por alguns músicos e eles mesmos se fecham para o próximo. Isso acaba 'elitizando' a cena e eu, pessoalmente, não gosto nem um pouco disso. Deveríamos nos unir, e não nos separar ainda mais.
Mas creio também que houve uma certa melhora nos últimos tempos, mas ainda há muito o que mudar. Mas isso vem com o tempo.
Vamos continuar lutando para que a cena independente do metal nacional continue crescendo!

HMB: Você acha que falta iniciativa do público em ir aos shows ou a qualidade das bandas autorais fica devendo e por isso não desperta o interesse das pessoas?
Renato: Com certeza falta iniciativa do publico. Há bandas sensacionais na cena nacional, porém as pessoas estão acomodadas com o que conhecem e não têm a mínima vontade de conhecer coisas novas, infelizmente é a mentalidade de muitos brasileiros.

HMB: O cenário Metal no Brasil é enorme, mas escassa dentro da sua própria casa, você enxerga alguma mudança em um curto prazo e quais deveriam ser nossas atitudes para que essa realidade mudasse?
Renato: É difícil saber. Como disse antes, tenho visto uma certa melhora nos últimos tempos, mas ainda está longe de ser o que a maioria das bandas idealiza.
Acho que quem deve tomar atitudes para mudar essa realidade não são apenas os músicos e as bandas, que nunca deixam de correr atrás, mas os produtores e administradores de bares e casas de show.
Algumas casas já começaram a mudar e estão aceitando mais bandas independentes em seus palcos, como, por exemplo, o Inferno Club com o Hell Metal Fest, que já na segunda edição está reunindo um line-up muito bacana, recheado de bandas ótimas.


HMB: Planos para o futuro?
Renato: Não tenho muitos planos para o futuro, não gosto muito de pensar no amanhã... Só quero prosperar com a Fatal e com todos os meus projetos paralelos e amadurecer profissionalmente, creio que sejam os meus principais objetivos no momento.

HMB: Resuma Renato Pestana em uma frase ou palavra.
Renato: Diria que sou um cara muito tranquilo e sereno e me dou bem com todos à minha volta.

HMB: Obrigado pelo seu tempo e por nos proporcionar este belo bate-papo, deixa aqui uma mensagem para os nossos leitores.
Renato: Eu é que agradeço pela conversa e pela oportunidade, foi muito bacana!
Quem curtiu o papo e estiver a fim de saber mais sobre a Fatal, curte a pagina no Facebook e, se quiser saber sobre algum dos projetos paralelos, me adicione! Valeu, abraço!


www.facebook.com/BandaFatal

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Tiago Alano, "Sem a música, a vida seria um erro".


Tiago Alano, vocalista da banda Spleenful, banda ascendente do cenário da música pesada brasileira. Tivemos um bate papo com Tiago e ele se mostrou uma pessoa muito inteligente, que sabe se expressar e mais ainda, atuante no cenário das mais diversas atividades. Confira essa bate papo muito produtivo e tire suas próprias conclusões.

HM Breakdown: Antes de começarmos, obrigado pelo seu tempo e por nos dar o privilégio dessa conversa. Agora, fale-nos sobre você e suas atividades.
Tiago Alano: Olá pessoal, eu que agradeço pela oportunidade!
Sou o cara que nasceu já dentro do meio do Rock e do Metal, fuçando na coleção de discos do pai que tinha coisas como Queen, Kiss, AC/DC, Van Halen e vários outros clássicos. Por volta dos 17 anos, comecei a estudar música com um pianista erudito chamado Artur Cimirro, estudei composição, canto e um básico de piano. Formei a banda Spleenful em 2012 como uma forma de expressão artística definitiva de tudo que me influenciava, tanto musicalmente quanto em outras áreas, como literatura, cinema, etc. Também apresento um programa chamado All That Metal na Rádio Putzgrila, onde estou sempre entrevistando outras bandas, além de trabalhar como publicitário e fotógrafo de moda pra pagar as contas.

HMB: Você concorda que numa família onde a música faz parte do dia a dia, a possibilidade de alguns deles se tornarem profissionais é maior do que em outras famílias? O que você acha necessário para que o aprendizado musical seja mais abrangente para as pessoas que não têm essa ligação?
Tiago: Depende muito da família, eu acho. No meu caso, demorou um pouco para os meus pais entenderem que eu realmente queria levar isso a sério, tanto que eu mesmo pagava minhas aulas de música com meu dinheiro. Hoje em dia é diferente, acho que se conformaram com essa ideia (risos). Eu tenho uma filha de quatro anos que já tem uma bateria de brinquedo e fala que vai entrar pra minha banda, ela adora Metallica e Rammstein. Quero dar muito incentivo para ela estudar música no futuro.
Sendo assim, eu acho que de uma forma geral a família pode ajudar muito sim, vide diversas famílias onde o aprendizado vai passando de geração para geração. Mas já vi casos também onde o herdeiro sente-se intimidado pelo que seus antepassados já fizeram. Acho que no final das contas, o que vale é o empenho de cada um e o desejo verdadeiro de fazer música, independente do suporte familiar ou não.


HMB: E o que te levou ao Heavy Metal?
Tiago: Acho que no meu caso foi uma série de coisas que me levaram a isso mesmo. Passei minha infância imerso em jogos de RPG e filmes de horror, ao contrário das outras crianças que só queriam saber de futebol e coisas do gênero. Pra piorar,estudei por anos em colégio católico, achava uma grande merda tudo isso, então esse tipo de revolta explode quando você chega na adolescência, e aí que entrou o Heavy Metal. Hoje em dia eu vejo que era minha válvula de escape que virou estilo de vida. Talvez o fato de crescer em uma cidade muito fria e no meio do nada também tenha influência na música doentia que eu faço hoje em dia (risos).

HMB: E você leva essas experiências para suas músicas?
Tiago: Com certeza! E não somente essas experiências especificamente, mas também qualquer outra, ainda mais levando em conta que o Metal é por si próprio um gênero musical carregado de emoções. Quando estou compondo não é apenas meu gosto musical que fala através das ideias, mas também as experiências de vida, os livros que eu li, meus filmes favoritos e qualquer outra forma de manifestação artística que eu tenha apreciado.

HMB: No Spleenful você divide os vocais com Patrícia Baggio, essa sempre foi a intenção da banda?
Tiago: Ótima pergunta! Nós temos nosso período jurássico que quase ninguém sabe a respeito (risos). Pra começo de assunto, lá no início, a ideia da banda era muito diferente, o plano era fazer um som mais próximo do Black Metal, mas com muito experimentalismo. E quando digo muito experimentalismo, era muito mesmo! Sempre teve a ideia de ter vocais femininos, mas não seria em todas as músicas, tanto que nossa primeira opção era uma tecladista que também sabia cantar. As coisas foram tomando forma por acaso, e ali no segundo semestre de 2012, a Bianca, nossa ex-vocalista, me encontrou através de um anúncio. Pedi pra ela gravar a "Absinthe Love Affairs" e fiquei impressionado com o resultado, seria injusto eu não aproveitar em todas as músicas o talento dela. No final das contas, acabou virando uma marca registrada da banda. Em abril, a Patrícia Baggio acabou tornando-se nossa nova vocalista e ela tem um estilo bem mais agressivo, além de um timbre mais agudo. Nossas músicas novas são bem mais pesadas do que as do primeiro EP, então tudo se encaixou de uma maneira excelente com a Patrícia. Com sorte as pessoas deixarão de nos comparar com o Epica, detesto esse tipo de comparação e mais ainda pelo fato de não ser fã dessa banda (risos).


HMB: Você acha que essa migração do Black Metal mais Avant Garde para um Gothic Metal, severamente mais pesado foi pela junção das influências de todos os membros na banda?
Tiago: Na verdade, isso foi outra coisa que aconteceu meio por acaso. Voltando lá bem no início, a minha ideia era apenas um projeto de estúdio, onde convidei amigos meus de cidades diferentes. Até o nome da banda era diferente, era Spleenful 69, e curiosamente o Victor Rodrigues deveria ser nosso baterista, o que realmente aconteceu um tempo depois. Quem ia gravar e tocar guitarra era o Bruno Añaña, que tem uma ótima banda chamada Postmortem, e recentemente gravou com a M26, é amigo meu de longa data. Tenho certeza que teria sido tudo muito diferente se tivesse acontecido desse jeito. Ali pelo começo de 2012 eu conheci o Lucas Cabral e os outros músicos do "Bittersweet" apareceram ao longo dos meses seguintes, mas desde então sempre foi eu e ele que escrevemos todas as músicas e eu ficava com as letras. Inclusive, a temática lírica mesmo mudou um pouco, antes tínhamos algumas músicas até mesmo sobre niilismo e ateísmo. Isso mudou logo que começamos a gravar o "Bittersweet", nós tínhamos um baixista que se converteu evangélico e estava incomodado com algumas letras, eu mudei várias coisas, mas no final das contas ele acabou saindo mesmo e não toca mais Metal (risos). Não tive problemas em mudar o conteúdo das letras por dois motivos: eu já acho chato para caralho as pessoas esfregando na cara dos outros suas ideologias pelas redes sociais, não queria minha banda sendo uma extensão disso; deixamos o foco voltado para contos de horror e poetas do período Romântico, o que deu muito mais conteúdo para nosso material. Ali pelo meio da gravação do EP percebemos que acabou sendo um mero acaso do destino as músicas chegarem a tal sonoridade e temática das letras, sendo que haviam músicas bem diferentes que foram cogitadas a entrar no lançamento, mas foram deixadas de lado. Relembrando tudo isso agora, realmente fico me perguntando que rumo a banda poderia ter tomado se as ideias originais fossem mantidas.

HMB: Vocês seriam uma banda de Black Metal (risos)!!! Hoje, então, você acha que ideologias e posturas radicais acabam limitando a criatividade lírica?
Tiago: Não apenas lírica, mas principalmente musical! Ainda mais aqui no Brasil, onde parece existir uma lista de regras que se você fugir estará traindo a cena ou algo assim. O cara que é músico não pode ter preconceitos com qualquer forma de arte, eu mesmo depois que descobri a música erudita contemporânea, como Stockhausen e Finnissy, cheguei à conclusão de que não existe absolutamente nada de bizarro no Metal. Gosto de escutar de tudo um pouco. Erudido, trip hop, blues, música eletrônica, jazz, synthpop. Se eu gosto não me importa o rótulo! Por exemplo, curto muito o trabalho de uma artista da Alemanha chamada Grausame Töchter, que na verdade é um transex que faz música eletrônica com uma vibe sado-masoquista. A música dela é incrivelmente doentia, de uma maneira que nunca escutei antes, fiquei fascinado pelo trabalho a ponto de me obrigar a fazer algo com aquele feeling, mas com as características da minha banda! Em suma, quando falamos de construção lírica e/ou musical, todo mundo deveria olhar para o gramado do vizinho e tentar aprender algo com isso ao invés de ficar julgando.

HMB: Como se já não nos bastassem nossos próprios limites. Bem, indo de encontro ao que você disse, você acha que o Headbanger, músico ou não, é mais fechado para experimentalismos ou para absorver culturas diferentes?
Tiago: Eu prefiro olhar as coisas de uma maneira otimista e pensar no que melhorou ao longo dos últimos anos. O Heavy Metal nasceu para ser contracultura, é sobre quebrar regras e dar um tapa na cara da sociedade. Mas o tempo nos deixou chatos, previsíveis e dogmáticos. Por sorte, temos muita gente determinada a quebrar certos paradigmas. Acho bacana quando uma banda consegue recriar sonoridades mais clássicas com bom senso e criatividade, assim como também é ótimo ver um pessoal que sabe mesclar estilos para criar algo inovador. Se dependesse de mim, deveríamos quebrar todos os preconceitos e regras. E isso inclui a questão cultural também, pois não cabe na minha cabeça pensar que ainda existem caras que julgam bandas por terem mulheres na formação, ou homofóbicos e racistas dentro da cena. Esses tempos, eu estava assistindo um vídeo de um show do Orphaned Land, é sensacional como eles conseguem unir judeus e islâmicos com o mesmo propósito de simplesmente curtir a música, esse é o espírito da coisa!


HMB: Qual a sua visão do cenário Heavy Metal Brasileiro, de uma forma geral?
Tiago: Eu acredito que o principal nós temos, ou seja, bandas de alta qualidade que vem fazendo um som que não deve em nada para as bandas gringas. De um modo geral, a cena brasileira profissionalizou-se muito em vários aspectos ao longo da última década, os registros em estúdio tem uma qualidade melhor, o acesso à música é mais fácil, dentre outras coisas que também melhoraram. Mas ainda assim temos um longo caminho pela frente para fazer a cena crescer ainda mais, pois é uma constante batalha pelo seu espaço. Acho que algumas bandas acabam confundindo-se em relação a isso e adotam uma postura antiética de tentar passar por cima dos outros pra se dar bem, mas geralmente esse tipo de gente não vai muito longe. Pra ser sincero, o que mais me preocupa mesmo hoje em dia são as condições que o músico precisa sujeitar-se para tocar aqui no Brasil. A maioria dos lugares tem uma péssima estrutura e a qualidade do som compromete o trabalho árduo que você teve em fazer um som de qualidade. Pra piorar, os donos dos estabelecimentos não abrem muito espaço para bandas autorais e, nas raras vezes que fazem isso, a banda acaba sendo explorada, sabe aquela velha história da oportunidade de mostrar o trabalho, né? Então fica muito difícil o músico brasileiro que toca Heavy Metal viver disso, mas eu ainda levo fé que um dia mudaremos isso.

HMB: A união e o respeito entre as bandas seria um começo? Melhor, parar de alimentar aquela mentalidade ridícula que muitos insistem em nutris desde a década de 1980, de que qualquer outra banda é concorrente e não parceiro?
Tiago: Com certeza! A própria história do gênero musical está aí para provar isso. Pode pensar em qualquer cena que se tornou reconhecida e fez história. NWOBHM, Thrash Metal da Bay Area, Death Metal de Gotemburgo, a cena mineira, em todos os casos eram bandas com um objetivo em comum, que apoiavam umas às outras e cresceram juntas. É claro que no Brasil é complicado pensar nisso de uma maneira geral por ser um país muito grande e a própria realidade de uma região para outra muda muito. Por mais que a sua banda tenha um som distinto, sempre vão te relacionar a outras, especialmente da sua cena local. Particularmente, gosto da maioria das bandas relacionadas ao Spleenful e é um grande prazer apoiar todas elas.

HMB: O que você pode nos dizer sobre o seu projeto "Sarau Noturno"?
Tiago: Sarau Noturno foi idealizado por uma historiadora chamada Clarisse Ismério, e eu participei quando estava na faculdade em Bagé, lá pelos idos de 2008/2009. O cemitério da cidade possui um patrimônio histórico muito rico, foram desenvolvidas pesquisas sobre isso e assim o evento foi criado para apresentar isso na forma de um evento que envolvia teatro e música. Meu papel era representar o poeta Lord Byron, era um evento cultural muito rico, onde as pessoas caminhavam pelo cemitério à noite, encontrando todos esses personagens e tudo terminava com uma procissão, enquanto um violinista tocava "Lacrimosa" do Mozart. Pra mim, foi um marco ter participado disso tudo, tanto que eu não nego que a própria música do Spleenful acabou sendo influenciada. Durante a gravação do "Bittersweet" decidimos que o trabalho precisava de uma introdução, daí o Lucas Cabral trouxe uma música que havia escrito para um álbum solo dele. Assim nasceu a "Beneath The Wandering Wave", aquela introdução do EP onde você pode me ouvir declamando um trecho de "The Giaour", um poema épico do Byron. Apesar de ser uma faixa de menor importância dentro do trabalho, por ser uma intro, tem um grande valor para mim por representar uma conexão entre os dois trabalhos artísticos de maior relevância artística que já participei. O nosso próximo single, "Winter Solstice Dream", também tem algumas referências à arte cemiterial. Acho que vou aproveitar pra mandar um recado também: Clarisse, se estiver lendo isso, fique sabendo que se acontecer outro Sarau Noturno um dia, chame a minha banda para tocar em frente ao cemitério, seria épico (risos)!

HMB: O que você pode nos adiantar deste próximo single e de um futuro CD?
Tiago: O próximo single chama-se "Winter Solstice Dream" e no momento estamos finalizando as gravações dele. Tenho certeza que assim que for lançado, as pessoas vão achar que a banda ficou mais pesada, o que não é necessariamente verdade, pois trata-se apenas de uma música diferente, assim como cada uma no "Bittersweet" tem suas próprias características. Sempre tivemos em mente nunca repetir a nós mesmos e buscar uma evolução constante de nossa música. Ela vai fazer parte de um EP que lançaremos ainda esse ano, que ainda tem outras duas inéditas, "Noir", que é mais sombria e melódica,  e "Of Ravens And Madness", que segue uma levada semelhante a "Burleske Liebesträum, com variações do clima e uns elementos de Prog. Todas elas vão fazer parte do álbum que pretendemos lançar no ano que vem. É cedo para falar da obra como um todo, mas eu posso garantir que vai ficar bem claro que a banda possui muitas influências, e apesar de ter algumas características básicas que definem nossa música, podemos partir para qualquer outra coisa, pois é uma banda livre de rótulos. Quanto a temática lírica das novas músicas, mais uma vez mantemos temas macabros, poesia maldita, contos de horror e outras coisas saudáveis. Talvez a diferença é que as letras estão mais abertas para interpretações, pois no "Bittersweet" todas tinham uma história bem linear. Ainda vamos fazer isso, na verdade, a própria "Of Ravens And Madness" é sobre a misteriosa morte do Edgar Allan Poe. Mas cada pessoa que pegar a letra de "Winter Solstice Dream", por exemplo, pode dar sua própria interpretação pessoal para ela, além de ela conter diversas referências a Thelema, Tarot, ritos pagãos e outras coisas do gênero. Como a Patricia diz, é a nossa música mais "mística"(risos).


HMB: Planos para o futuro?
Tiago: Finalizar as músicas novas do Spleenful, lançar um EP ainda esse ano e um álbum no próximo ano, tocar no maior número de lugares possíveis, ficar rico, tocar no Wacken, abrir uma cervejaria para consumo próprio, conquistar o mundo e começar uma tirania spleenfuliana com base na boemia e na libertinagem.

HMB: Resuma Tiago Alano em uma frase ou palavra.
Tiago: A célebre citação do Nietzsche, que me perseguiu a vida inteira: "Sem a música, a vida seria um erro".

HMB: Obrigado pelo seu tempo e por nos proporcionar este belo bate-papo, deixe aqui uma mensagem para os nossos leitores.

Tiago: Queria agradecer novamente pelo espaço, curti muito responder essa entrevista! Apoiem seus artistas e bandas locais, pois é a sua participação nisso tudo que faz com que as coisas continuem acontecendo. É para vocês que nós fazemos música e a maior motivação é sempre o retorno do público. Hell yeah!

domingo, 24 de agosto de 2014

Michell, capazes de ir muito mais além do que pensamos...


Michell, organizador do Máquina Profana Fest e guitarrista da banda Mørgårøth, além de um batalhador assíduo e antenado com as novidades e com os acontecimento marcantes do cenário da música pesada nacional. Confiram a seguir.

Heavy Metal Breakdown: Antes de começarmos, obrigado pelo seu tempo e por nos dar o privilégio dessa conversa. Agora, fale sobre você e suas atividades.
Michell: Eu que agradeço. Sou Michell, um dos organizadores do Máquina Profana Fest, que é um dos eventos que vem ganhando algum espaço. No começo, éramos dois caras, foi quando o Danylo desligou-se dos eventos, porque estava sem tempo para se dedicar, devido às suas atividades e problemas pessoais.
O intuito de criar o Máquina Profana Fest foi o de unir bandas Underground de vários estilos e mostrar que a cena está mais unida e ativa do que nunca.
Mas sabíamos das dificuldades de se fazer eventos no Underground, pois o público atualmente não dá muito valor para bandas autorais. Não estou generalizando, mas sabemos disso, porém quando iniciamos os fests, no final de 2010, fizemos porque amamos tudo isso.
Estou há quatro anos em atividade e nesse tempo muitas bandas já passaram por aqui, então de certa formar contribuímos para que as bandas tivessem seu espaço na cena Underground, ajudamos a divulgar o som das bandas! Hoje os eventos são organizados por mim e pelo meu parceiro, Cristiano.
Além do Máquina Profana Fest, sou guitarrista da banda Mørgårøth. Fazemos som próprio, com uma pegada bem crua e rápida, mas algumas músicas também com uma pegada bem doom, porque, na verdade, cada um tem suas influências. Então, juntamos tudo e levamos para nossa banda.
Sou o principal compositor e não me foco em um só assunto pra compor as letras. Nosso batera, Christofer, sempre tem um letra, e na maioria das vezes é bem interessante. No ensaio já transformamos a letra em uma música. Eu tenho algumas letras que compus há mais de dez anos ou até mais tempo que isso (risos) e usamos algumas delas na banda (risos).
E não posso deixar de falar de nosso baixista/vocalista, Danilo Menezes, que fazendo um puta esforço pra se manter na banda, pois sabemos das dificuldades para ele vir aos ensaios, pois ele mora um pouco longe do estúdio em que a gente ensaia. Mas ele vem com muita dedicação e eu levo em consideração pela atitude e pela força de vontade.

HMB: Como é organizado o Máquina Profana Fest, e que tipo de apoio vocês têm para a realização?
Michell: Não critico quem também quer organizar eventos, mas tenho a certeza de uma coisa, organizar um evento não é só chamar bandas e colocar no ‘’pico’’ pra tocar. Eu acho isso uma falta de respeito com as bandas.
Nos meus eventos, eu mesmo, particularmente, dou total assistência, porque além de ser o organizador, faço toda a parte de divulgação, parte técnica, fotografia, e estou sempre vendo se as bandas precisam de algo. Vejo em alguns eventos simplesmente o pessoal organizar e deixar as bandas à mercê, sem nenhum tipo de assistência. Fico muito descontente com tal atitude.
Já pensou um cara chamar você pra tocar em um lugar que você nem conhece e deixar você lá à deriva? Se fosse comigo, eu mesmo chamaria a banda e iríamos todos embora (Risos).
Em questão de apoio, entro em contado com alguns sites, ou nas maiorias das vezes os sites me perguntam se podem publicar o flyer do evento. Eu fico muito feliz, pois vejo meu esforço sendo valorizando. Aí então pergunto se posso colocá-los como apoio no flyer do evento. Quando os sites permitem, eu peço apenas que nos ajudem a divulgar o evento. Isso tem sido feito com alguns sites, blogs, etc. Nesses 4 anos, nunca recebemos um não, porque até eles gostam do nossos eventos .
Mas se ouvir um “não”, não vou desistir, porque, na verdade, esse “não” vai servir para que eu me motive cada vez mais a manter aquilo que amo fazer e que dedico parte do meu tempo para realizar.


HMB: E quais são os caminhos que você usa para divulgação do Máquina Profana Fest?
Michell: Usamos os seguintes meios de comunicação: redes sociais, nosso próprio site, as parcerias que conseguimos nesses 4 anos de fest, e até mesmo flyers impressos que deixamos em algumas lojas da famosa Galeria do Rock. Bem, não vou citar todos os sites porque provavelmente vou acabar me esquecendo de algum, mas vou falar de um modo em geral. Sou muito grato por acreditarem em nossa correria aos longos desses anos todos de fest.

HMB: Qual o seu critério ao chamar as bandas para tocarem no Máquina Profana?
Michell: Não há muitas exigências, apenas peço que as bandas me mandem um material para que seja feita uma audição para eu ter noção de como será o desempenho da banda ao vivo. Que a banda tenha algum meio de contato nas redes sociais, seja um page no Facebook, Myspace, Twitter, etc, e que compareça, porque, caso contrário, estará tirando a oportunidade de outra banda tocar no fest .
Se por acaso acontecer algum imprevisto, e a banda não puder tocar no dia do Fest, que avise com antecedência para que eu possa colocar outra banda no lugar para não desfalcar o cast. Estes são critérios básicos.

HMB: E como é o comparecimento do público ao Máquina Profana?
Michell: Bem, nosso público só vem crescendo desde que começamos, comparando com nossa primeira edição, em 2010. Mas tudo isso é bem relevante, porque pedimos que as bandas também ajudem a divulgar o flyer nas redes sociais, para que assim não somente nós, do Máquina Profana Fest, possamos ganhar mais público, mas as bandas também, porque na maiorias das vezes as bandas já tem seu público. Então somamos tudo com o nosso público que nos acompanha nesses 4 anos de correria .

HMB: E você percebe um aumento deste público, uma vez que acaba sendo um festival de bandas autorais?
Michell: Sim, percebo!  Porque mesmo as bandas sendo autorais, elas estão sempre ralando, querendo mostrar seu som, tocando em diversos fests, e desta maneira elas ganham mais reconhecimento perante seu próprio público e agregam novo público.
Até mesmo quando estou andando pelo meu bairro, alguém sempre pergunta quando haverá outro Máquina Profana Fest? Ser reconhecido pelo que tenho feito há 4 anos me deixa muito feliz.
Podemos dizer que temos um público fiel que gosta dos nossos eventos, que reconhece nossos esforços para manter a chama do underground acesa. Sempre recebemos elogios do público e das bandas.
Precisamos sempre apoiar bandas novas, incentivar essa galera a aprender tocar um instrumento, arriscar-se a fazer o que gosta.

HMB: Fale sobre a sua banda.
Michell: A banda Morgaroth foi formada na Zona Leste de São Paulo por mim, que sou guitarrista, pelo baterista Christofer, e depois vieram o baixista José Andro e o vocal Ivan, que tiveram a ideia de montar a banda com inspiração em bandas como Bathory, Possessed e Venom, entre outras. Depois de um tempo chamamos Erick como segundo guitarrista, mas infelizmente ele não se adaptou ao estilo da banda. A banda ficou com a pegada de Thrash/Black Metal. Antes do primeiro ensaio, o guitarrista solo Erick saiu da banda por motivo de diferença musical. Eu e o Christofer convidamos Rebeca Sayuri  para fazer parte da banda para dividir o vocal com Ivan, com isso, houve uma nova mudança de estilo. A banda começou a fazer um Gothic/Black Metal com umas pegadas mais melancólicas, sendo que eu e o Chirstofer somos os principais compositores da banda. A banda ensaiava no estúdio localizado no Jardim Santo André, próximo à residência do baterista. Depois, a convite do Elias, dono da Igreja Rock Bar, passamos a fazer os ensaios ali por algum tempo. Depois de um tempo, decidimos parar de ensaiar para nos dedicarmos às composições. José Andro decidiu sair da banda, pois teria que mudar para outra cidade. Dani entrou para substitui-lo. Mas, depois de algum tempo, devido ao seu trabalho, Dani saiu e José Andro retomou seu lugar.
Infelizmente, nossa vocalista, Rebeca Sayuri, saiu. Com isso, Ivan e José Andro resolveram sair novamente da banda. No lugar do Ivan entrou Danilo Menezes, que assumiu o vocal e o baixo.
Formação atual: eu, guitarra solo e backing vocal, Danilo Menezes, vocal e baixo e Christofer, bateria.


HMB: E como tem sido as apresentações da banda? Possui algum material gravado?
Michell: Bem, estamos naquela fase de ensaios e composições e estamos nos preparando para começarmos as gravações da nossa primeira demo.
E quanto às apresentações, não nos preocupamos muito, porque queremos nos aperfeiçoar cada vez mais antes de começarmos a tocar com mais frequência. Tocamos recentemente em um evento, substituindo uma banda que havia faltado.
Temos alguns vídeos, mas nada oficial. Não são de boa qualidade, pois gravamos apenas para ver se havia necessidade de algumas mudanças.

HMB: Vocês são uma banda de Black Metal, abordam apenas esse tema em suas letras ou procuram variar?
Michell: Bem, não abordamos um único tema, falando de demônio, acho que já tem muitas bandas fazendo isso (risos ...).
Eu, como principal compositor da banda, abordo vários temas nas letras, não gosto de ser repetitivo. Algumas letras que fiz há anos, uso hoje na Morgaroth, desde que se encaixem no perfil da banda.
Tenho certeza se fica nessa de só falando só de um tema por que seja legal que as maiorias das pessoas curtam acho que fica uma coisa bem enjoativa.
Mas os temas que mais abordamos são satanismo, guerras e a realidade em que vivemos no nosso cotidiano. Temos músicas mais lentas que fazemos com pegada doom e músicas mais rápidas, que é pra ver “o circo pegar fogo’’(risos).

HMB: Planos para o futuro?
Michell: Meus planos para o futuro são: viver sempre um dia após o outro, mantendo-me com os pés no chão e mantendo a minha banda a mil, e dar continuidade ao Máquina Profana Fest. E, finalmente, lançar o demo da Morgaroth.

HMB: Resuma Michell em uma frase ou palavra.
Michell: Sou muito grato a todos e a todas as bandas que acreditam na nossa correria, tudo em prol de manter a chama do underground sempre acessa.
“Juntos somamos e fazemos toda a diferença, pois acreditando em nossa capacidade, seremos capazes de ir muito mais além do que pensamos.’’

HMB: Obrigado pelo seu tempo e por nos proporcionar este belo bate-papo, deixe aqui uma mensagem para os nossos leitores.
Michell: Eu que agradeço pelo espaço, pois através destas sinceras palavras, pude me expressar e falar um pouco da minha contribuição à cena underground. Estou fazendo a minha parte como um admirador de música boa e bem feita com qualidade e dedicação.
Quero agradecer a todos que lerem a entrevista. Valeu por estarem lendo, quero agradecer a todos que nos acompanham nesses quatro anos de Máquina Profana Fest. Ao Elias, do Igreja Rock Bar, pelo espaço dado a  nós do MPF.
E a todas as bandas que já tocaram e que ainda vão tocar em nossos fests. Só tenho a agradecer pela disponibilidade. E à galera que curte nossas páginas no facebook e que acompanha as matérias diárias no nosso blog. Quero ver todos vocês agitando em nosso fest. “Vamos que vamos!” Abraço a todos!

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Luiz Carlos Louzada, workaholic


Luiz Carlos Louzada, vocalista da entidade do Heavy Metal Nacional, Vulcano, mas também atua na mesma função com Hierarchical Punishment e Chemical Disaster, além de baterista das bandas Predatory e Repulsão Explícita. E mais, atua na Violent Records, selo que já lançou vinte e nove cd´s e... Quer saber... Leia lá... O Cara é uma máquina de trabalhar.

Heavy Metal Breakdown: Antes de começarmos, obrigado pelo seu tempo e por nos dar o privilégio dessa conversa. Agora, fale-nos sobre você e suas atividades.
Luiz Carlos Louzada: Bem, posso falar sobre meu momento atual, afinal, além de vocal do Vulcano, sou vocal dos grupos Hierarchical Punishment e Chemical Disaster, além de batera dos grupos Predatory e Repulsão Explícita. No passado, fui batera de grupos como K.O.V., Blind, White Frogs, Influxo, Preguh, Intrisicum, Front Attack Line, Chaosmaster. Já gravei 10 álbuns, além de inúmeras demos; participações em coletâneas também foram muuuuuuuuuuitas. Além das bandas, tenho há dez anos a Violent Records.

HMB: Um currículo de respeito! Como você se envolveu com a música?
Luiz Carlos: Quando eu era moleque, na casa de seis ou sete anos, uma tia me deu alguns EPs de sete polegadas, de bandas como Beatles e Rolling Stones, além de outros artistas dos anos '60, como The Jet Black's, Sam the Sham & the Pharaohs, além do debut-LP do Secos & Molhados (de 1973) e uma compilação (também em LP) que tinha Kiss, Bill Haley e uma cacetada de grupos ligados à história do Rock. Na época, o militarismo ainda controlava o país e meus pais eram ligados ao samba e demais ritmos impostos pelos programas televisivos. Portanto, o fato de eu passar a ouvir esses discos que citei, numa antiga Sonata (pick-up portatil dos anos '60) que também ganhei dessa mesma tia, era de se estranhar para os conservadores da família. Poucos anos depois, ganhei de meus pais um rádio gravador portátil e meus primos mais velhos, que já curtiam Rock n' Roll na virada dos anos 70 para os 80, passaram a me dar fitas K-7 com gravações de clássicos álbuns de grupos como Black Sabbath, AC/DC, Triumph, Iron Maiden, Deep Purple, etc. Como eu ouvia esse material todo dia, logo que fiquei sabendo que estes primos tocavam em bandas de Rock, passei a aporrinhá-los, para que me deixassem ver os ensaios. Em 1983, o Kiss veio ao Brasil numa tour memorável. Lógico que eu não tinha idade para ir ao show, mas gravei o áudio do "especial" transmitido pela Globo e aquela fita "gastou" de tanto que eu a escutei. Na mesma época, passei a ir aos ensaios do Poseidon (banda santista que fazia covers Rock n'Roll, e um de meus primos tocava batera) e foi então que botei na cabeça que eu faria parte do mundo Rock n' Roll. 30 anos depois, não me arrependo de nada que tenha feito, pois mesmos os "tiros n'água", serviram de base para experiências mais amadurecidas. E já perdi as contas de quantas vezes fui a um estúdio gravar algo, seja como vocalista ou mesmo como baterista, pois comecei a participar de bandas no final dos anos 80, e quando não fazia uma função, estava envolvido com a outra. Só acho que o fato de eu ter sido um autodidata, retardou muito meu desenvolvimento como baterista, pois se na época que comecei a tocar, eu tivesse frequentado aulas, meu desempenho teria sido melhor, nos primeiros grupos por onde passei.
Portanto, gurizada, estude seu instrumento antes de se aventurar em uma banda. Há não ser que seja apenas "uma fase", como meus pais sempre falavam aos parentes e conhecidos, quando me viam sair de casa carregando uma caixa de bateria embaixo de um braço, uma mochila com um chimbau e um par de baquetas, e indo pegar um ônibus pra chegar no local de ensaio (sempre na casa de algum "brother"), que raramente era próximo de onde eu morava (risos)!


HMB: Como você enxerga, em comparação ao seu início, o cenário da música pesada hoje em dia?
Luiz Carlos: Butz, quanta diferença! Quando entrei na "cena" nos anos '80, a gente se contentava com instrumentos musicais ruins (isso inclui os amplificadores, mesa de som, potencia, caixas de som) e mesmo assim, a gente "fez acontecer", tanto é que o Brasil é referencia mundial na música extrema, considerado um "celeiro" de bandas altamente influentes na segunda metade dos anos 80. E eu pude comprovar isso, em bate-papos com fãs de musica pesada, a cada tour que faço com o Vulcano fora do Brasil, seja na Europa ou mesmo em shows em países Sul-americanos. No entanto, hoje, zilhões de bandas conseguem acesso a bons instrumentos, além de muita informação, seja sobre estudos (na área musical em geral), ou mesmo com relação ao universo do Rock. Há trinta anos a gente raramente encontrava alguma revista ou poster de Rock, que pudesse ampliar nossos conhecimentos. E foi aí que os zines tiveram um papel importantíssimo, pois os zineiros repassam informações que as próprias bandas encaminhavam.
Eu, como também editei zine no passado (além de ter feito muitas "pontas" como colaborador em zines de amigos), sempre tive prazer em me corresponder com galera de bandas, distros e zines. Antes de a internet chegar "chegando", o maior "barato" era chegar do trampo e conferir as correspondências. Respondia às cartas que eu recebia sempre ouvindo fitas k-7 c/inúmeras demos que as bandas me enviavam, então, diferente de muita gente que conheço, sempre ouvi muito mais bandas da cena Underground, do que os grandes medalhões, principalmente a partir dos anos 90, época em que realmente parei de acompanhar lançamento de banda grande, por pura falta de tempo, já que eu priorizava ouvir bandas de caras que viviam a minha realidade (tinham banda, tocavam em pequenos bares, gravavam demo e repassavam em fitas k-7). Em suma, hoje está tudo tão fácil, que o próprio público em sua maioria, não veste a camisa com o mesmo furor de outrora. Mas não culpo ninguém por isso, são apenas sinais dos tempos. Hoje em dia, com minhas bandas paralelas, posso pegar um publico de dez pagantes, simplesmente, porque show de banda Underground, não é o suficiente para arrastar a galera para fora de casa, como ocorria há vinte anos. Até porque hoje em dia, você no conforto do lar, pode conectar sua moderna TV na internet, ligada a um home theater e ver os maiores shows do mundo pelo youtube. Já há vinte anos, se você perdesse um sábado de show por qualquer motivo, todos os seus amigos iriam ficar eternamente falando: "Pô, tu não foi ao show? Perdeu!"

HMB: Entendo perfeitamente o que você disse! Na sua visão, como as bandas atuais, poderiam convencer o público a sair do "conforto" do seu lar e acompanhar mais de perto o que acontece no cenário Underground?
Luiz Carlos: Pergunta difícil, pois encontro esta situação frequentemente, quando toco com minhas bandas paralelas. E olha que quando eu produzo um evento, sempre levo material promo da Violent Recs, oferecendo à galera que fica até o final, prestigiando os grupos que tocam por último; sabe aquele papo de banda que "não posso ficar até o fim”? Os caras de banda que já tocaram na noite, chegam e se desculpam para não ficar até o final. Já o publico, vão saindo de fininho, e quando chega a ultima banda, tem 1/3 da galera que estatava, quando o evento estava bacana de galera. Já os que sequer saem de casa para ver show de banda Underground, ainda tem uma desculpa famosa "pô, nunca ouvi falar dessa banda". E aí, entra o oráculo do Google, que diz que é impossível uma banda que já tem material lançado no mercado, ser "desconhecida", afinal, quem tem banda e grava um material, quer atingir um publico alvo. Para isso, a banda disponibiliza links diversos com vídeos, resenhas, ou mesmo o áudio para ampliar o leque de possíveis fãs. Então, só quem tem preguiça de procurar por informações, não conhece uma banda. E o mais difícil é fazer um cara preguiçoso sair de casa e colar num bar que tem som ao vivo de banda Underground. Acho que a coisa só vai mudar, quando a gente oferecer R$ 100 para o público nos ver tocar, já que em media é o que custa para ver uma banda gringa de porte médio Underground em Sampa. Enquanto isso tudo acontece no mundo underground, a gente segue compondo, gravando e lançando material em formato físico (além do digital, óbvio), pois, daqui quinze anos ou mais, ainda será possível abrir o armário e tirar uma cópia de um disco bacana (vinil ou CD) que fez nossa cabeça em determinado período de nossas vidas. É o que faço, quando me bate uma nostalgia de ouvir só minha coleção de LPs, de títulos que comprei há vinte anos, e continua impecável!

HMB: Você também acha que o fã de Heavy Metal é acima de tudo um colecionar?
Luiz Carlos: De uma forma generalizada, sim, o cara que curte Metal, gosta de colecionar, mas enquanto 1/3 do público gosta de ter em mãos LPs, CDs, K-7s, DVDs, camisas de suas bandas favoritas, 2/3 da galera se contenta em ter mp3 em seus HDs. Assim, ouvem música via celular, players de carro, players portáteis (c/entrada USB), notebooks e por aí vai. Essa galera que curte Metal, mas não sabe o que é entrar numa loja de discos/CDs e fuçar, atrás de novidade, ou mesmo o pessoal que vai aos shows grandes e no máximo compra uma camiseta, gastando o resto da grana com cerveja, não tem esse vírus da coleção atual. Muitos possuem uma coleção de álbuns do tempo em que eram adolescentes, mas de dez anos pra cá, muitos casaram e optaram em gastar sua grana com muita coisa, menos gastar comprando discos. Eu, até hoje, amplio minha coleção de CDs, a passos largos e, só não continuo comprando LPs, pois prefiro o som "limpo", na contramão de muita gente do Underground que prefere ouvir o som proveniente do sulco do vinil. Não me desfaço da minha coleção de vinil, muito mais pelo saudosismo de parar pra ouvir um álbum, com arte gráfica que salta aos olhos, pela dimensão (como se fosse um "quadro", muitas vezes). Mas gosto da pressão sonora de gravações digitais. E acompanho o que acontece na cena Underground com muito mais tesão do que acompanhar lançamentos de bandas clássicas (não que eu não ouça as grandes bandas que fizeram minha cabeça quando jovem), simplesmente, porque em muitos casos, a boa música continua nos porões, seja em megalópoles ou não.


HMB: Eu também gosto de descobrir coisas novas. O que você acha da atual safra de bandas brasileiras?
Luiz Carlos: Cara, o Brasil não deve nada à cena alguma, tamanho o poder de fogo de nossas bandas. E comprovo isso a cada tour que realizo com o Vulcano, pois eu sempre assisto aos shows das bandas de abertura, diferente de muuuuuuuuita banda que chega ao show meia hora antes de tocar e vaza meia hora depois que toca. Meu interesse por bandas desconhecidas é tanto que me motivou a lançar em CD (prensado, nada de CD-r) o projeto "Endless Massacre", através da Violent Recs (meu selo, que está na ativa há dez anos). Até o momento foram cinco volumes, em media com vinte grupos, onde no máximo três ou quatro grupos são medalhões da cena, e o restante, pérolas de nosso underground, de todas as regiões do país. No site da Violent Recs, é possível ler resenhas não só das cinco edições que já lancei no mercado, mas também de meus outros lançamentos  que já somam vinte e nove CDs em catalogo, muitos inclusive, em parceria com selos parceiros e batalhadores da cena.

HMB: E como é o critério de escolha dessas bandas, tanto para as coletâneas, quando para o lançamento individual? Você recebe muitos materiais de bandas brasileiras?
Luiz Carlos: Realmente, só lanço o que gosto; como não dependo financeiramente da Violent Recs, não me preocupo se determinado lançamento venderá X ou Y e o critério para ter o crivo de meu selo é que o trabalho seja feito com honestidade e paixão à música underground. Obviamente que o foco da Violent condiz com o nome do selo e, de uns dois anos pra cá, especificamente, Death e Black Metal, mas sempre apoiei os gêneros mais extremos, inclusive Grindcore. Mas como meu gosto musical é bem amplo, criei a Bagaça Records com o intuito de lançar grupos cuja sonoridade não se encaixa no propósito da Violent Recs. Aos interessados, recomendo uma visita ao link: www.bagacarecs.blogspot.com.br
Informação underground nunca é demais, certo?

HMB: Certíssimo! E como você trabalha por esses lançamentos ou até, para um licenciamento dos mesmos no exterior?
Luiz Carlos: Até o momento não houveram propostas de licenciamentos no exterior, mas já fiz a intermediação para um lançamento nos EUA (através da Infra-Mundo Recs) de um split-cd do Infector (grupo Death Metal de Praia Grande, São Paulo) com o grupo Inbelica, do México. Isto porque, no caso do material do Infector, a banda optou em utilizar musicas lançadas no segundo full-lenght, chamado Anguish, que saiu pela Violent Recs em 2011. Quanto à forma de trabalhar a distribuição dos lançamentos de meus selos, efetuo vendas ou trocas via internet (com selos e distros daqui e do exterior) e, normalmente, as cópias esgotam num período de três a quatro anos. Bandas que possuem vídeos oficiais e que tocam com frequência, acabam esgotando as copias em menos tempo, já que são duas ótimas formas de exposição (shows + clipes no youtube, por exemplo). A promoção dos lançamentos é feita através de flyers impressos (em toda postagem efetuada, encaminho flyers dos títulos mais recentes), além de divulgação via Internet, com envio de cópias promocionais para webzines (ou mesmo zines impressos).Também divulgo títulos da Violent Recs em pastas bônus mp3 de promos multi-midia que lanço em CD-r e arrego constantemente em tudo que é show que realizo com meus grupos, na intenção de presentear músicos de outros grupos que compartilham os eventos, além de entregar à produtores que acabo conhecendo, ou ainda, envio cópias desses promos para clientes que efetuam compras acima de um determinado gasto no site da Violent Recs, enfim, sempre há maneiras alternativas para divulgar um trabalho.


HMB: Não existe cenário da música pesada sem muito trabalho duro? O que você acha dessa prática de divulgar a banda apenas em redes sociais?
Luiz Carlos: A música pesada surgiu à parte da grande mídia, e vive intensamente nos pubs espalhados mundo afora, portanto, atinge um público, que normalmente conhece as bandas que dá suporte (é normal, a galera decorar nome de álbuns e, muitas vezes, nome dos integrantes). Quem monta uma banda e não se preocupa em espalhar a praga, também não deve se lamentar que determinados grupos, tiveram sorte. A sorte surge pra quem arregaça as mangas e está sempre disposto a abrir mão de seu tempo livre, lazer familiar e lógico, sempre custeado com os trocados nossos de cada dia, pois banda que não investe, é atropelada. Vejo que a Internet tá aí pra ajudar, mas banda de verdade, lança disco, prensado em fabrica, mesmo com tiragem limitada. E sou do tempo que trombava camarada de bandas em festivais pelo interior e, da mesma forma que eu carregava fitas K-7 de minhas bandas na mochila, eu sempre ganhava outras, e quando eu chegava em casa, compartilhava cópias aos amigos que davam suporte à cena Underground. O marketing virtual é bom, pois atinge um número absurdo de usuarios da Internet, independente da distancia, mas nada supera o "face to face" quando você bate-papo com uma pessoa e presenteia com um trabalho seu, que rapidamente, é guardado para um deleite posterior. Esse tipo de abordagem de divulgação é algo bem pessoal, e é bem mais forte, do que qualquer link que a gente recebe para curtir ao clicar, mas que em questão de segundos, já esquecemos o nome do grupo, por mais bacana que seja a banda.

HMB: Você acha que, o romantismo que o Heavy Metal, e a música pesada em geral, tinham nos anos 80, deram lugar ao um exagero profissional, que se tornou cansativo para o ouvinte?
Luiz Carlos: Acho que não, pois como tudo na vida, o publico metálico se recicla com o tempo: enquanto muitos deixam de curtir com a intensidade da juventude, novos fãs chegam ao universo rockeiro, curtindo o que tá rolando na cena, acompanhando as mudanças na música pesada, seja em termos de execução, produção, composições, etc. Claro, de repente, eu prefiro ouvir o Reign in Blood uma vez por dia, por uma semana inteira e não me cansar, enquanto o Christ Illusion (que é beeem mais recente) tá do lado e eu sequer penso em ouvir. Não por ser ruim, pelo contrario, mas o romantismo de ouvir um álbum clássico, que fez minha cabeça quando jovem, ainda faz o coração bater forte, pulsando no ritmo dos bumbos de pedradas como Piece by Piece, Necrophobic, Reborn e Epidemic, saca? Nesse exemplo que citei os músicos evoluíram com o tempo, obtiveram melhores produções, ganharam muito mais respeito na cena, tornando-se referencias de um gênero no mundo todo e podem agradar o publico antigo, e seguir a carreira produzindo novos trabalhos, ganhando uma parcela nova de publico, sem que tenham que voltar a lançar álbuns com produção mais barata ou finalizar arranjos com mais simplicidade musical.

HMB: E convenhamos que álbum mal gravado, hoje em dia, não tem como concorrer na disputa pelo fã. O que você acha que a tecnologia trouxe de bom e de ruim para o Heavy Metal?
Luiz Carlos: Foi como disse antes, particularmente, prefiro ouvir um som limpo, desprovido de excesso de ruídos, mas há um público que curte muito produções de áudio com limitações propositais, principalmente a galera que curte Grind/Noise, Raw Black Metal, Gore/Splatter, Harsh/Industrial. Então, há espaço na cena tanto para produções bem feitas, quanto para lançamentos com captação de áudio tosca (risos)! E, quando a proposta da banda é boa, mesmo com produção de áudio ruim, a gente consegue identificar uma banda bacana. Há excelentes bandas da cena Crust/Grind, por exemplo, que lançam trampos quase sempre com gravação meia-boca, principalmente por conta de falta de grana para gastar com horas de estúdio. É que, normalmente, grupos que lançam trabalhos mal gravados, não possuem o mesmo foco de uma banda que investe pesado (leia-se verba!) em produções que possam ser equiparadas à qualquer disco de banda gringa do primeiro escalão. Por exemplo, pegue bandas que foram modinha entre os jovens em meados dos anos 90, como Stratovarius, Hammerfall e afins; se estes grupos lançassem álbuns mal gravados não teriam atingido o status que obtiveram durante os anos 2000. Ou mesmo as bandas Nu-Metal que caíram no gosto de uma grande molecada por anos, o filtro principal era se a gravação era top ou não. Bandas como Disturbed, Linkin Park e Korn não teriam ido longe com gravações ruins.
Enfim, como músico, vejo que a tecnologia chegou principalmente para ajudar no processo de gravação e mixagem, pois mínimos detalhes de execução são possíveis de corrigir, sem perder horas e horas de estúdio executando as mesmas notas que já haviam sido captadas e aprovadas. Imagine uma banda de ProgRock, com musicas de dez ou doze minutos, onde o batera erra feio no final de uma música. Os caras da banda teriam vontade de esganar o maluco, se não houvesse a possibilidade de refazer apenas o trecho final (risos).

HMB: Como é fazer parte de uma lenda do Heavy Metal nacional, como o Vulcano?
Luiz Carlos: Cara! Vou te dizer que este meu retorno ao grupo no inicio de 2010 foi algo que eu considero como um presente, já que no passado, eu havia integrado o Vulcano por mais de uma ocasião, e sempre foi tipo um aprendizado, saca? Pô, eu passei minha adolescência curtindo o Vulcano, que foi minha principal referencia para ter uma banda (já que sou de Santos, que fica numa região que sempre teve muita banda, seja Metal ou HC!). Creio que seja até interessante explicar meu vínculo com o grupo. Em minha primeira passagem pelo Vulcano, fiquei do fim de 1997 ao começo de 1999 e, mesmo sem termos feito tantos shows, os poucos que rolaram foram memoráveis. Nesta época gravamos três músicas inéditas que saíram de bônus no relançamento do "Live!", de 1985, em CD, pela Cogumelo Recs (que chegou às lojas em 1998). Quando saí do grupo, foi por conta de meu envolvimento com o Chemical Disaster, banda Death Metal que também sou vocal, pois tínhamos finalizado um novo álbum e estávamos à procura de uma gravadora, por conta do término de contrato com a Cogumelo, que havia editado nosso debut LP no fim de 1993. Mas aí, acabei saindo Chemical Disaster, antes mesmo de o grupo acertar o lançamento desse material com a Demise Prods. Eu também tocava batera no Blind e nosso debut CD estava em vias de lançamento, pela Thirteen Recs., selo do Tor, vocal do Zumbis do Espaço. Pude me dedicar a essa fase do Blind, mas acabei voltando ainda em 1999 ao Vulcano, pois tínhamos a meta de escrever um novo álbum, já que a Cogumelo havia editado em CD o Bloody Vengeance e, tanto este quanto o "Live!" deram um ótimo retorno, reaquecedendo o mercado, já que até então, o único lançamento do grupo em CD, era o RatRace, de 1990, e mesmo assim, apenas disponível na Inglaterra pela MetalCore Recs e que era muito difícil de se encontrar por aqui. Bem, conseguimos escrever material suficiente para um álbum de retorno do grupo e em 2000 já estávamos prestes a entrar em estúdio, quando por questões de logística, tive que sair novamente da banda (meu tempo livre não coincidia com os demais). Então, houve uma reformulação geral no grupo, o Zhema optou em não gravar aquele material e no ano seguinte, perdemos o Soto Jr., guitarrista do grupo, que faleceu devido a problemas de pressão alta. No ano seguinte, o Zhema retomou o Vulcano, reescreveu o material que trampamos e soltou o Tales From the Black Book, em 2003. Eu já estava como vocalista do Hierarchical Punishment, além de estar tocando ainda com o Blind e também era o batera do Carnal Desire. Obviamente que acompanhava de perto tudo o que acontecia com o Vulcano, principalmente por conta da amizade que temos. Sentia orgulho de vê-los crescendo novamente, retomando o tempo perdido com o breque que deram entre 1990 e 1994. E eis que em 2008, fui convidado a reassumir os vocais, inicialmente para uma mini-tour pelo Nordeste, mas que, de repente, poderia se estender com planos de um novo álbum. Me desdobrei para me readaptar e pegar o set-list e os ensaios estavam matadores, com um novo line-up e tal. Mas, como nem tudo é fácil, sofri um acidente na empresa onde trabalho e fiquei um mês e meio de molho e, claro, não fiquei no grupo de novo (risos)! Então, como o mundo dá voltas, em 2009, o Zhema me convidou a participar da gravação do álbum Five Skulls and One Chalice, cantando a Steed of Steel e também pude dividir os vocais com o Angel na música "Holocaust (The Second Assault)". Além disso, gravei os vocais para a música "Hexagram", que ficou de fora deste álbum, e somente foi lançada oficialmente, como bônus no relançamento do Tales From the Black Book, em 2013. Bem, após o lançamento do Five Skulls and One Chalice  pela Cogumelo, no fim de 2009, a banda começou a planejar a primeira tour europeia e aí, no início de 2010, eles me chamaram para realizar a tour completa em suporte à este álbum. Como sempre mantive um bom relacionamento com os caras, foi algo gratificante, pois percorremos vários Estados, de todas as regiões de nosso país, além de nos proporcionar uma incrível visita à Bolívia, onde uma verdadeira legião de fãs aguardava por três décadas uma visita da banda. Tudo isso deu uma carga extra de adrenalina para que a tour europeia fosse clássica e memorável para todos. Então, só posso concluir que fazer parte do Vulcano hoje em dia, é muito mais do que eu poderia imaginar, tendo em vista tudo o que já vivi, em cada passagem que fiz pelo grupo e o momento que banda atravessa hoje, com lançamentos de clipes oficiais, álbuns novos em curtos espaços de tempo (tem grupo veterano que fica seis ou sete anos pra lançar um disco novo), shows, contato com fãs, enfim, é algo que nos deixa sempre satisfeitos por tudo.


HMB: Planos para o futuro?
Luiz Carlos: Nossa! Muitos, com certeza! Afinal, com a Violent Recs e Bagaça Recs, tenho uns cinco trabalhos engatilhados até o próximo semestre. Com minhas bandas, Repulsão Explicita finalizando arte gráfica do segundo full-lenght. Vulcano com tour europeia em outubro e possibilidade de mini tour no México,  colada com o último show na Inglaterra, e ainda, aguardando o CD novo chegar da fábrica dentro de um mês, fora o lançamento do LP contendo nosso show gravado na Suécia em 2013 e ainda um EP com material inédito que guardamos para o fim do ano!. Chemical Disaster com novo batera e um CDd contendo material raro que estava engavetado. Hierarchical Punishment reestruturado e se preparando para gravar material novo (enquanto aguardamos o lançamento do CD-tributo ao Agathocles, onde gravamos um medley de dois sons dos belgas). Fora produções de novos vídeos, tanto do Vulcano quanto do Repulsão. Realmente, agenda agitada (risos)!

HMB: Resuma Luiz Carlos Lousada em uma frase ou palavra.
Luiz Carlos: Workaholic.

HMB: Obrigado pelo seu tempo e por nos proporcionar este belo bate-papo, deixe aqui uma mensagem para os nossos leitores.
Luiz Carlos: Eu que agradeço a oportunidade! E, aos que curtiram acompanhar tudo o que rolou nesse bate-papo, recomendo que usem o oráculo do Google (risos) para encontrar mais informações sobre tudo o que já fiz com meus grupos, selos, etc. E, claro, podem me contatar via facebook (basta digitar meu nome no campo de busca). Não costumo abrir com frequência (confiro apenas umas duas ou três vezes por semana), pois não fui contaminado por esse vício (risos)! Abraços!

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Daniel Monfil, ...não tenho medo das consequências...

 

Daniel Monfil, vocalista da banda Hate For Revenge, um cara que aprendi a admirar pela simplicidade, sinceridade e também, pela simpatia. Além disso, nesse bate papo, nos mostra que é um cara dedicado, focado no seu trabalho e nos seus objetivos. Confiram a seguir.

HM Breakdown: Antes de começarmos, obrigado pelo seu tempo e por nos dar o privilégio dessa conversa. Agora, fale-nos sobre você e suas atividades.
Daniel Monfil: Boa Noite a todos, meu nome é Daniel Monfil, vocalista do Hate for Revenge. Tenho 35 anos e comecei a cantar em 1995. Tive muita Influência do Metal Tradicional. Desde meus onze anos, curto Heavy Metal e comecei ouvindo tudo Relacionado Ao Metal (Iron, Judas, Pantera, Etc.).
Um dia, cantando de brincadeira (lembro até hoje da música: A Promisse of Love, do  Wizards do Christian Passos), achei que eu tinha uma voz legal e fui atrás deste sonho de adolescente. Após passar por bandas menores tocando covers, corri atrás para fazer minhas músicas. Entrei No Hate for Revenge em 2004 e, depois de um tempo, nos trabalhos da banda. Voltamos com tudo em 2013. Hoje, o Hate for Revenge é como um filho pra mim e estou muito animado com nosso atual momento.

HMB: O Hate For Revenge foi formado em 1999, mas você se juntou à banda somente em 2004, e logo gravaram o EP “Conquerors of a New Age”, qual foi sua contribuição para a criação desse material?
Daniel: Tive algumas ideias para várias músicas e também completei algumas letras inacabadas. Lembro que a banda vinha de um momento complicado com o antigo vocalista e entrei já num processo de criação do EP bem avançado. Tudo era muito novo para mim, mas percebi que a banda era muito boa e com músicos realmente talentosos.
Minha principal lembrança do EP "Conquerors of a New Age" foi a grande responsabilidade de fazer um belo trabalho. Foram seis meses de muito ensaio.

HMB: A banda gravou um CD que nunca lançado por conta do encerramento de suas atividades, e este não contava com você nos vocais, o que você pode nos falar deste trabalho?
Daniel: Verdade, este trabalho foi todo gravado e seria nosso debut. Mas  infelizmente tivemos muitos problemas de relacionamento. Eu participei de todo processo de criação do CD, mas infelizmente saí um mês antes do início das gravações. Hoje, ouvindo o CD, posso afirmar que estas dez faixas teriam uma boa repercussão da mídia especializada, mas não temos intenção de lançar um CD feito em 2007. Apenas posso adiantar que futuramente algumas faixas podem aparecer como faixas bônus.


HMB: E vocês voltaram em 2012, qual foi a motivação para retornar com o Hate For Revenge?
Daniel: Nossa motivação foi que havia algo a ser feito ainda pelo Hate. E foi tudo muito natural, nada foi forçado. Eu fiquei parado por quatro anos sem cantar, estava decidido que se não voltasse ao Hate for Revenge não cantaria mais. Tive várias ofertas pra voltar, coloquei meu projeto solo em prática, cheguei a gravar duas músicas deste projeto ,mas nada foi lançado (quem sabe um dia). Mas queria o Hate, estava focado nisso. E quando finalmente voltamos a rever alguns conceitos e também reativar nossa amizade, digamos o próximo passo seria a volta do Hate For Revenge. Foi Muito Gratificante esta volta, mas também tivemos dificuldades para achar um time exato, demorou quase dois anos pra acertar os integrantes.
Agora estamos muito focados e unidos para atingir nosso objetivo de ainda em 2014 gravar nosso debut finalmente. Digamos assim, nós  sentimos que deixamos a banda no meio de algo. Faltava algo, acabar como aconteceu, foi muito triste. Acho que esta talvez seja a nossa maior motivação. Fazer um grande trabalho com o Hate for Revenge.

HMB: E como se dá o processo de criação da banda?
Daniel: Bem, mesmo não sendo uma banda grande (empresa), tentamos ajeitar as coisas como uma. Cada integrante ficou a cargo de algumas tarefas, eu mesmo fiquei com a parte de assessoria e comunicação. Dividimos tudo: shows, ensaios, produção e tudo que uma banda precisa. Neste caso, a criação da banda ficou a cargo do nosso guitarrista, Ricardo Oliveira e do baixista Belmilson  (Bilão). Eles criam as músicas e deixam bem adiantadas nossas composições. Fiz algumas letras e o Belmilson também fez algumas, e quanto às melodias, estou fazendo em casa, apresento depois uma ideia concreta à banda sobre melodias e letras. Mas, basicamente foi feito deste modo, algumas coisas em casa e outras em estúdio. Diferente da outra fase, onde as músicas já vinham mastigadas (melodias, letras, solos, etc.), hoje estamos bem mais organizados e com o processo de criação bem adiantado.
E pode até ser um comentário simples, mas estamos adorando este novo jeito de criação. Definitivamente acertamos em cheio desta vez.


HMB: As novas composições seguem a linha tradicional do Hate For Revenge ou vocês buscam agregar novas influências?
Daniel: Acho que estas novas composições vão surpreender a todos, posso adiantar que todas as influências foram colocadas nas músicas novas. E também sei que será um novo Hate. Nossas músicas antigas são boas, mas ficaram datadas e tinham outra vibe, eram de outra época, agora estas novas estão muito mais pesadas. Onde poderei cantar tanto melódico como gutural, tivemos grandes ideias, tem uma faixa que já está chamando nossa atenção e botamos muito fé neste som, que se chama Lonely. E estamos pensando em mudar algumas afinações, mas nada definido ainda.
Posso afirmar com certeza será um grande passo para o Hate for Revenge. O ano de 2015 promete muito para a banda e estamos animados com todas as possibilidades, principalmente com alguns shows já visualizados.

HMB: Você é um cara muito versátil, como você cuida da sua voz?
Daniel: Praticamente quase não cuido da voz. Lógico, procuro evitar bebidas alcoólicas e também gelado. Antes dos shows, faço um aquecimento vocal. Este ano sofri um pouco com uma gripe fortíssima que peguei. Sofri bastante para fazer alguns shows. Mas consegui fazer bem os vocais. Sim, claro que não foi 100%, mas no fim deu tudo certo.

HMB: E como andam os shows para o Hate for Revenge?
Daniel: Excelente pergunta. Bem, apesar do Hate  estar parado desde 2008, afinal o último show foi em 2008, tivemos uma grande recepção do público, lógico que tivemos shows muito bons e outros talvez menos divulgados. Agora esta pergunta foi muito boa, pois ando muito preocupado com a cena Underground. Infelizmente está infestada de bandas covers e o público está dando muito mais bola para este tipo de banda do que para bandas autorais.
Sei que cada um tem seu jeito de tocar e tem seus limites. E lógico que dependendo da habilidade de cada um, o músico de hoje procura o melhor meio de se expressar. Mas hoje basta tocar meia dúzia de músicas covers e alguns já se acham os rock stars.
Sempre tive vontade de fazer minhas músicas. Também toquei covers, foi um aprendizado, mas todos precisam evoluir e acho inaceitável tocar a vida inteira músicas dos outros.
Está é minha opinião em relação o cenário Underground.
Acho muito melhor você divulgar suas músicas e partir para um esquema muito mais difícil. E quanto ao público, realmente esta mentalidade precisa mudar. Afinal só curtir bandas famosas ou covers está matando as bandas que não são famosas ou querem fazer um trabalho profissional.
Bem, sem contar com as condições que alguns produtores atualmente estão pedindo ou exigindo.
Acho um absurdo a banda ter que vender ingressos ou tocar em dias fora de questão. Estas são algumas das brincadeiras dos produtores para bandas autorais. Músicos sendo obrigados a vender ingressos, pois esta obrigação nunca foi nossa. Realmente, hoje muita coisa mudou e espero que o público e os produtores acordem.
Tocar Metal no Brasil  já é muito difícil e agora está muito mais difícil, e digo, qualquer vertente voltada ao rock. Precisamos mudar logo esta cena Underground ou em dez anos, e talvez até menos, não haverá mais cena. Fica a dica.


HMB: Você não acha que o desinteresse do público com as bandas autorais esteja diretamente ligado a oferta excessiva, muitas vezes, deixando a desejar em qualidade?
Daniel: Sinceramente não, até porque com o advento da Internet todo mundo pode pesquisar tanto as bandas como o lugar em si. Mas também penso que se houver um festival onde tenham apenas três ou quatro bandas, onde somente uma você conhece ou curte, não custa nada você prestigiar o trabalho das bandas. O que realmente está deixando alguns fãs desapontados são bandas se achando grandes e tratando mal os fãs. Toquei um tempo atrás no interior e um vocalista de uma banda pequena (igual a minha), simplesmente esnobou todos os músicos do festival e fãs também. Isto queima o filme da cena e da banda em si, eu sempre trato todos bem, com educação e, se possível, procuro arrumar CDs da banda ou simplesmente trocar uma ideia com os fãs.
Quanto à oferta excessiva, acho bom, pois temos varias vertentes e muitas bandas, isto faz a tal oferta excessiva. Agora a qualidade é culpa 50% da banda e 50% da casa. No mínimo, a casa deve dar uma estrutura legal e a banda estar bem ensaiada. Feitos estes detalhes, a chance do show ser de baixa qualidade é mínima.

HMB: Então, deveria haver um profissionalismo da cena?
Daniel: Certamente que sim, desde as casas, produtores e até os músicos.
Digo um profissionalismo total. Vou citar o Hate como exemplo, nós dificilmente ganhamos um cachê legal (no máximo pagamos nossas despesas), mas mesmo assim levamos nossa banda como profissionais.
Eu sempre procuro fazer o melhor ou bem feito, isto pra mim é ser profissional.
Porém algumas casas não tem estrutura! Temos que acabar com este bagunça. A cena tem bandas excelentes, muitas de qualidade. Temos produtores sérios, casas muito boas, que tratam as bandas com dignidade e seriedade.
Realmente precisamos colocar este profissionalismo em primeiro lugar para colher futuramente coisas boas. Fato!

HMB: Uma casa de São Paulo, chamada Inferno, e que fica em plena Rua Augusta, está abrindo espaço para o Heavy Metal. Além da ótima localização, possui  equipamento de qualidade. Você acha que prestigiando os eventos que acontecem lá, o público e as bandas podem passar a exigir melhor qualidade e com isso mudar essa realidade? Ou cada caso é um caso?
Daniel: Sinceramente sim, esta casa que você citou é muito boa, tem uma qualidade sensacional. Hoje tenho convicção que todo mundo quer tocar lá. São muito profissionais, dando total apoio às bandas e também ao público. Tenho certeza que, como foi dito, esta é uma das casas que podem mudar esta realidade. Acho que este exemplo do Inferno Club é um caminho, para que público e bandas cheguem a este patamar profissional.  Vou citar o Hell Metal Fest no Inferno Club, grandes bandas, lugar excelente, equipamentos muito bons, lotado de público, etc.
Este é o segredo, juntar tudo de bom. Duvido que tenha uma crítica ruim sobre este evento.
Mas também existem várias casas quem não fazem questão de mudar.
Existem outras muito boas, mas infelizmente só tocam bandas covers, dificilmente abrem espaço para bandas autorais. Mas definitivamente cada caso é um caso.


HMB: Planos para o futuro?
Daniel: Bem,  espero conseguir consolidar uma carreira musical bacana, gravar um CD ainda este ano (na minha humilde opinião está ficando muito Legal), estabilizar nossa formação e fazer grandes shows.
No âmbito pessoal, espero também atingir meus objetivos logo e continuar mantendo minha linha de conduta.
O Hate conseguir alcançar o nosso tão sonhado patamar, um desejo desde que iniciamos esta banda e que infelizmente foi interrompido durante algum tempo, mas com muita luta e persistência, vamos buscar nosso espaço novamente.

HMB: Resuma Daniel Monfil em uma frase ou palavra.
Daniel: Um cara sério, honesto e que não faz média com ninguém.
Frase: Falo sempre na cara e não tenho medo das consequências, sejam boas ou ruins.

HMB: Obrigado pelo seu tempo e por nos proporcionar este belo bate-papo, deixe aqui uma mensagem para os nossos leitores.
Daniel: Agradeço o espaço que você me deu, para em poucas palavras explicar alguns pontos bastante interessantes da nossa cena. Agradeço também quem sempre acompanhou minha carreira no Metal Brasileiro e tenho ainda muito chão pra percorrer.
Aos nossos fãs, aguardem o debut do Hate for Revenge (prometo que vocês vão gostar muito).

E vamos agitar esta cena Underground. Muito Obrigado e um grande abraço. Até a próxima, galera.